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| Artigo de André Lage |
Muitos são os protestos aflorando no Brasil, centenas de milhares de pessoas nas ruas reivindicando não só contra o aumento das tarifas do transporte público, mas também contra corrupção, melhores hospitais entre outras reivindicações. E uma cena que ficará marcada na memória, com manifestantes invadindo a cobertura do Congresso Nacional. O legislativo escuta gritos de ordem vindo da população. O que de maneira surpreendente assustam sobretudo os políticos.
Há mais de 20 anos a população brasileira não via algo do tipo, pois desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992, os ânimos haviam se estabilizado e o povo parado. Normal, pois essas manifestações populares são um fenômeno esporádicos que surgem em momentos de tensão social. Cada geração instiga seu momento de catarse. Foram as “Diretas Já” em 1984, os ‘Cara-Pintadas’ em 1992, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e agora a chamada “Revolta dos 20 centavos”.
O mais interessante nessa onda de protestos atualmente é que, por ser espontânea, não existe um tema em comum, uma bandeira. O que vemos é a aglomeração de uma série de pequenos e médios grupos que se juntaram às manifestações contra o aumento das passagens de ônibus. Bem articulado e organizado os protestos começam nas redes sócias e ganham força nas ruas. O fato é que o Governo de Dilma e suas bases aliadas até agora procuram a “bala que matou Kennedy”. De maneira desesperada o Governo e uma boa parte da imprensa utilizam uma suposta” proposta” de reforma política para desviar o foco das reivindicações dos protestos.
O fato é que toda essa publicidade tentando achar um culpado que não seja a própria Presidenta não está funcionado.Segundo o sociólogo Manuell Castellis sobre os protestos “Vai durar para sempre na internet e na mente da população. E continuará nas ruas até que exigências sejam satisfeitas, enquanto os políticos tentarem ignorar o movimento, na esperança que o povo se canse. Ele não vai se cansar. No máximo, vai mudar a forma de protestar.”
O que antes parecia o impossível, hoje no mínimo é uma luz no fim do túnel, o velho e conhecido jargão “que o povo tem a memória curta “ utilizado pelos caciques políticos diante dos escândalos, estão de dias contados.No Brasil o que o governo tem que entender, que está intrínseco a esse sentimento de protestos, respostas aos grandes escândalos de corrupção política vividos no Brasil nos últimos anos (mensalão, CPIs, central de grampos, caso Cachoeira, etc.).
É importante frisar que é um movimento contra a corrupção e a arrogância dos políticos, em defesa da dignidade e dos direitos humanos.E que estamos vivendo uma mudança de paradigma político. É a primeira vez que os brasileiros se manifestam fora dos canais tradicionais, como partidos e sindicatos. As pessoas cobram soberania política. É um movimento contra o monopólio do poder por parte de partidos altamente burocratizados. É, ainda, uma manifestação contra o crescimento econômico que não cuida da qualidade de vida nas cidades,.ou seja. Políticos do nosso Brasil! É a “gota d’água”!
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