O maior campeão da
história do UFC, homem propalado como Pelé do MMA, foi jogado no limbo. Vaiado,
execrado, hostilizado pelos mesmos que, um dia, o aplaudiram.
Até então
invencível no UFC, recordista de vitórias e defesas de título consecutivas, o
campeão perdeu pra si próprio. Foi o mesmo Anderson Silva de sempre, da guarda
baixa onipresente, do bailado que tira do sério, de um jogo psicológico tão
contundente quanto seus socos e joelhadas. Mas errou quando não
podia. Subestimou quando não devia.
O lutador que sempre se equilibrou na linha tênue
entre a autoconfiança e o desrespeito pisou fora da faixa da perfeição e pagou
caro por isso. Pernas paralelas, um Chris Weidman insistente e o chão, destino
irremediável de todos nós.
Perdeu o cinturão, a aura de imbatível, a paz.
Viu-se apedrejado pelo Brasil que sempre defendeu e pelo qual sempre lutou.
Talvez entenda o tamanho da decepção porque sabe o tamanho da idolatria. Já
disseram a outro Homem-Aranha que grandes poderes trazem grandes
responsabilidades. E nosso Spider, herói e humano, falhou.
Chegou a pensar em dizer adeus ao esporte, mas foi
à luta. Aguentou calado, treinou calado e grita por dentro o brado da
ressurreição. Está perto de reatar com a história. De guerrear contra o atual
campeão, contra a desconfiança geral, contra si mesmo. De recuperar o respeito,
a honra, o cinturão.
Vai, Spider. Vai buscar o que é teu.
