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Aécio desafiado a vencer governismo e comoção

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O presidenciável Aécio Neves, do PSDB, está diante de uma equação
política capaz de desafiar toda a sua experiência de mais de 30 anos de
vida pública. Enquanto os efeitos eleitorais da morte trágica do
ex-governador Eduardo Campos ainda não foram dimensionados em pesquisas
de opinião, ninguém sabe ao certo, o tucano entre estes, qual será a
nova distribuição de preferências do público. Após a primeira aferição,
haverá, ainda, todo o horário eleitoral político para dar margem a mais
mudanças. E, nestas, haverá um peso extra caso a atual vice na chapa de
Campos, Marina Silva, vier a ser escolhida para substituir o cabeça de
chapa ausente. É senso comum que, sendo Marina o nome, o componente
emocional entrará em definitivo na eleição.
Até a morte de Campos, Aécio Neves foi dele um adversário mais do que
cordial. O problema está em saber como fazer, agora, para que o
ex-govenador de Minas Gerais passe a ser um beneficiário real da
proximidade que sempre gostou de exibir com Campos.
– Não vejo Eduardo como um adversário, mas como alguém que, lá na
frente, estará comigo no mesmo projeto, disse o tucano, mais de uma vez,
sozinho ou ao lado do próprio Campos, como aconteceu este ano no Fórum
Empresarial de Comandatuba, diante de líderes da iniciativa privada.
Ao contrário de Campos, que preservava a amizade pessoal com Aécio,
mas disparava farpas na direção do PSDB para crescer eleitoralmente, o
mineiro destinou toda a sua munição para disparos contra o PT e a
ex-presidente Dilma Rousseff. Aécio fez questão de não fazer qualquer
ataque ao socialista, ao partido que ele presidia ou às suas propostas
de governo. Estava na raiz da estratégia tucana a manutenção do máximo
respeito ao PSB para contar com o apoio de Campos em um buscado segundo
turno.
Agora, no entanto, o candidato do PSDB está desafiado a não se deixar
ficar emparedado entre duas grandes correntes do eleitorado.
Uma delas é a governista, que, até o acidente fatal, parecia
consolidada em torno da presidente Dilma, na faixa de 37% a 40% das
preferências nas pesquisas mais recentes.
A outra é a do voto emocional, que pode se formar em torno de Marina
se ela for a escolhida, ou em benefício de outro nome do PSB que consiga
representar o espólio eleitoral de Campos. Sabe-se, de antemão, que
esta segunda hipótese é a mais difícil de chegar ao resultado projetado.
Em razão de levantamentos anteriores e da própria eleição de 2010,
quando Marina terminou a disputa com impressionantes, para os
observadores, 20% dos votos, a sucessão do finado Campos em benefício
dela parece representar mais risco para Aécio. É muito provável que,
colocada em questão nas pesquisas, Marina apareça com dois dígitos de
preferências. O nome da ex-ministra, sempre que foi confrontado com o de
Campos, apresentava melhor performance que o dele. Ela pode ser
beneficiada, agora, pelo fenômeno da comoção nacional que a morte do
ex-governador de Pernambuco despertou.
Já há pistas fortes sobre o maneira como Aécio irá resolver a
equação. Desde o primeiro momento, ele vem afirmando que Eduardo
represantava “a boa política”, numa clara tentativa para empurrar a “má
política” para a conta do PT e da candidata à reeleição. Significa que a
tática de preservar de críticas o PSB irá continuar, ao mesmo enquanto
um novo candidato do partido não vier a ser definido.
Aécio Neves vai acentuar, passado o momento de luto, o discurso de
ataque ao governo e ao PT. Dessa maneira, ele acredita que, mesmo que o
PSB cresça, também o PSDB poderá alçar um voo mais alto na nuvem de
solidariedade formada com a morte de Campos. No caso de esse plano dar
certo, a maior prejudicada seria a presidente Dilma. É no que Aécio,
neste primeiro momento, vai apostar.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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