A conquista de uma vaga nas universidades públicas de todo o país é o sonho de muitos jovens ao concluir o ensino médio. A ampla concorrência e a exigência de uma boa nota para passar são só algumas das dores de cabeça de quem está na luta por realizar o sonho de seguir a profissão escolhida. Mas, e quando a possibilidade de realizar esse sonho demora um pouco mais para acontecer? Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, a administradora de 44 anos, Janicléia Sueli Martins, vem tentando, há sete anos, realizar um sonho antigo: passar no vestibular de medicina.
Natural de Piritiba, interior da Bahia, Janicléia se formou em administração aos 21 anos. Estudiosa, ela já prestou vestibular para os cursos de direito, medicina veterinária, educação física, enfermagem e psicologia e, em todos, foi aprovada. Mas, é a medicina que lhe enche os olhos desde a infância. “Sempre, sempre foi o meu sonho, desde muito jovem. Porém, meus pais não podiam me mandar para fora daqui. Eles não tinham condições, pois meu pai era vendedor ambulante e minha mãe lavadeira. E somos, ao todo, seis filhos, então ficava muito custoso, pra eles, me bancar”, lembrou.
Janicléia se mudou para o Vale do São Francisco há 20 anos. Primeiro, morou na cidade de Juazeiro, no Norte da Bahia, depois foi morar em Petrolina. Mãe de dois filhos, um de 19 e outro de 26 anos, a administradora casou cedo, aos 16 anos. Apesar de uma vida cheia de acontecimentos, ela optou por não deixar o seu grande sonho morrer.
“Me casei ainda muito jovem e continuei com esse sonho. Depois de um certo tempo, pensei na possibilidade. Meu objetivo é a medicina e eu vou conseguir”, declarou com entusiasmo.
Hoje, a administradora parou de trabalhar para se dedicar aos estudos e tentar uma vaga em medicina, através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Estou tentando medicina há sete anos. No entanto, só nos últimos dois, três anos, eu tenho, de fato, estudado com afinco”.
De fato. Pois, além da rotina diária de mais de seis horas de aula no cursinho pré-vestibular, Janicléia reserva mais seis horas do dia para estudar, sozinha, em casa. “Eu estudo pela manhã e à noite em casa. Todos os dias até 1h da manhã. Antes, trabalhava e estudava. Eu parei de trabalhar só para estudar”, disse.
Beatriz Braga, com supervisão de Emerson Rocha