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Após 46 anos longe, filho pedala de Santa Catarina até Lagoa Grande, no sertão de Pernambuco, para reencontrar o pai

Foram 32 dias pedalando de Joinville, em Santa Catarina, até o distrito de Vermelhos, em Lagoa Grande, no Sertão de Pernambuco. Essa foi a aventura que o aposentado Agnaldo José de Oliveira encarou para reencontrar o pai biológico, o agricultor José Inácio de Oliveira. Os dois não se viam há 46 anos. No último encontro, o filho tinha apenas um ano de idade.

O primeiro contato entre pai e filho aconteceu em 2012, por telefone. Dez anos depois, Agnaldo decidiu que era hora do encontro acontecer pessoalmente. Sem contar nada a família paterna, no último dia 7 de outubro ele saiu de casa, montado na bicicleta, e iniciou a jornada de 3 mil quilômetros até o Sertão de Pernambuco.

Religioso, Agnaldo encontrou na fé a explicação para ter encarado a longa pedalada. Ele diz que durante o caminho foi questionado por diferentes pessoas, que queria saber o motivo dele não ter feito a viagem de carro, ônibus ou avião.

“Toda vez que eu fui buscar a palavra, Deus tocou no coração para eu vir de bicicleta. Mas, porque de bicicleta? Porque o meu desejo era conhecer muitas irmãs, muitos irmãos na terra e eu conheci muitas pessoas. Teve pessoas que eu nem conversei pessoalmente, mas, eles me incentivavam”, afirma.

Agnaldo nasceu em Petrolina, município vizinho de Lagoa Grande, mas, com apenas um ano, foi embora com a mãe para Santa Catarina. Criado pelos avós maternos, ele sempre nutriu a esperança de um dia conhecer o pai. “Desde quando eu me conheci por gente, tinha o desejo de encontrar meu pai”, diz.

Seu José conta que a separação do filho aconteceu por causa do fim do relacionamento com a mãe da criança. “Eu vivia na roça trabalhando. Tinha o projeto de casar com a mãe dele, porém, não deu certo. Ela foi embora, o tempo passou e fiquei sem notícias”.

Nessas quase cinco décadas, seu José teve outros filhos. Uma família que o filho distante está começando a ter contato.

“São vários sonhos realizados em um só. Conheci mais seis irmãs e três irmãos maravilhosos”, afirma Agnaldo.

Por obra do destino, a primeira pessoa que o viajante encontrou ao chegar em Lagoa Grande foi o irmão João José Oliveira. Ele é barqueiro e diz que não segurou a emoção ao saber quem era o passageiro.

“Quando ele chegou para mim e disse que queria conhecer o pai José Inácio de Oliveira, eu fiquei surpreso, porque eu sabia que tinha um irmão, mas, tinha muito tempo que a gente tinha entrado em contato com ele. É muita alegria, uma emoção que nem sei explicar”.

Agnaldo tem 47 anos e sempre gostou de bicicleta. No entanto, em momento algum da vida imaginou que faria uma viagem tão longa, pedalando. A jornada foi desafiadora e cheia de percalços. O celular ficou pelo caminho com pouco mais de 200 km. “Tudo o que eu precisava estava no celular”.

Encontrar um local para descansar também não foi tarefa fácil nos 32 dias de viagem. Some-se a isso, o risco de ser atropelado, as subidas e descidas, problemas com a bike. Felizmente, Agnaldo conseguiu terminar a jornada. “A lição que eu tiro é que Deus e o mundo abrem passagem para qualquer um. Basta você saber para onde está indo”, acredita.

Com a missão cumprida, pai e filho não pretendem ficar mais longe um do outro. Os dias com a família, segundo Agnaldo têm sido especiais.

“Tinha certeza que não ia morrer sem ver meu filho e, graças a Deus, aconteceu”, destaca seu José. “Vamos querer ficar juntos e sempre fazendo alguma coisa da vida”.

Fonte: g1 Petrolina

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