Previdência Social, o governo se vê obrigado a correr para evitar que, nos
próximos anos, a arrecadação de impostos seja destinada somente para pagar
aposentadorias. A equipe econômica decidiu que apresentará ao Congresso
Nacional uma proposta de reforma com a definição de uma idade mínima para o
requerimento do benefício — homens aos 65 anos e mulheres aos 60. Mas a
aprovação de mudanças não será fácil, já que parlamentares e especialistas
divergem sobre qual a melhor solução para o problema. O único consenso é que a
necessidade de mudanças é urgente.
gastará R$ 491 bilhões com o pagamento de benefícios, valor que corresponde a
8% do Produto Interno Bruto (PIB). O rombo nas contas da Previdência deve
chegar a R$ 124,9 bilhões em 2016, mais que o dobro do observado em 2014, de R$
56,7 bilhões. Ciente da urgência de diminuir o déficit, que deve atingir R$
82,1 bilhões em 2015, a equipe econômica tem discutido a necessidade de a
reforma previdenciária ser apresentada como uma das medidas do ajuste fiscal.
Barbosa, e do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, apresentarão às
centrais sindicais, entidades patronais e de aposentados a proposta do governo
de definir uma idade mínima, na reunião, desta semana, do Fórum de Trabalho e
Previdência. Somente o Egito, Argélia e Brasil não têm idade mínima de
aposentadoria. Entre países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), grupo de países ricos, a adoção mais comum é de uma a idade
mínima de 65 anos. No Brasil, sem limitação legal, a idade média de
aposentadoria é de 54 anos, enquanto a expectativa de vida é de 74,9 anos,
segundo o IBGE.
a benefícios assistenciais, pagos para quem não contribuiu ao INSS, e endurecer
regras de concessão de aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e de pensões
por morte. O envelhecimento da população brasileira tem grande influência nesse
quadro, já que a Previdência opera pelo regime de repartição, em que as
parcelas mais jovens e ativas da população financiam as aposentadorias dos mais
velhos.
pouca recebendo, porque a pirâmide etária era muito diferente. Hoje em dia,
essa tendência tem se invertido, o que aumenta a demanda por uma reforma
previdenciária que equilibre o sistema”, diz o advogado especialista em direito
previdenciário Guilherme Sampaio.
anos, outras seis estão em idade ativa de contribuição. Até 2035, essa relação
cairá a metade. Conforme o IBGE, em 25 anos, mais da metade dos brasileiros
serão idosos. Em 2060,66% da população será formada por pessoas acima de 65
anos e jovens fora do mercado de trabalho — hoje, esse número equivale a 44,6%
dos brasileiros.
necessidade de mudanças no sistema previdenciário, nos últimos anos, é a queda
da renda dos brasileiros e o aumento do desemprego. Enquanto o gasto da
Previdência é ditado por regras fixas, que podem ser muito generosas, a
arrecadação varia de acordo com a atividade econômica.
que a arrecadação caia”, explica o economista Raul Velloso, especialista em
finanças públicas. Com menos pessoas empregadas, o volume de contribuições
despenca e o deficit do sistema sobe ainda mais que o esperado. Prova disso é
que a projeção de maio, de que o rombo chegaria a R$ 72,8 bilhões este ano,
precisou ser revisada em quase de R$ 10 bilhões durante o ano, devido à
decadência da economia.
visto que o Brasil tem uma das alíquotas mais altas do mundo para as empresas,
acima de 30% —, a opção mais viável é alterar os critérios para obtenção da
aposentadoria.