A Rua 11 de Setembro em Araripina é desses “xodó de menino”. Foi lá que cresci, joguei pelada na rua com “travinha” de chinelo e bola canarinho, vivi muitas dificuldades e onde fica(va) a casa de minha avó Avelina, com paredes construída com barro amassado para preencher os espaços criados por uma espécie de gradeamento (a famosa casa de taipa). Lá também moramos por muitos anos, vizinhos de dona Lô, mãe de Adauto, dona Ruth, sargento Nelson, seu Jota, seu Jó, seu Geraldo de dona Graça, Sivir, seu Dedé de Josias, Seu Assis e Dona Lúcia, pais do meu amigo de sempre, Carlinhos da Banda Maestro Álvaro Campos, Dona Gualterina, Zé Painha, dona Pedrina, enfim, tanta gente boa que morava aqui na parte baixa da rua. Lá na parte alta onde residiam as pessoas mais abastadas viviam seu Geraldo Ourives, dona Djalva, seu Cícero Pereira, seu Zé Luciano, Geraldão dos Discos, entre tantas outras que nas noites de São João e São Pedro transformavam a nossa rua na mais iluminada da cidade. Ê, saudade!
A casa da Minha avó Avelina e Tia Zita na Rua 11 de Setembro. Minha avó gostava de roupas quadriculadas e nesse registro aparece ao lado de minha mãe.
A Turma dos Paixão e Baía defronte a casa onde mora seu Assis e Dona Lúcia.
Mestre Afonso e Tia Zita posando para foto e no seu entorno a turma que habitava na Rua 11 de Setembro. Eu apareço na foto de camisa azul claro. Tinha 13 anos.
A grande pedra que ficava em frente a casa de tia Zita e que era lugar ideal para aproveitar a máquina fotográfica dos visitantes de São Paulo para registrar as fotos da família e da turma de amigos.
Fotos de 1980 registradas na Rua 11 de setembro. Fotos: Arquivo Pessoal
Seu Jó em noites de São João e São Pedro colocava o som potente na rua, fazia a maior fogueira e animava aquele pedaço de chão tão familiar e tão alegre. Seu Geraldo e dona Graça fazia a festa na sala de casa regada a quentão e disputava com seu Jó a animação. Era assim na Rua 11. Na casa de Tia Zita, a família se reunia para tirar “retrato” na rua que ainda era de chão batido e uma grande pedra ornava a paisagem rústica sem estrutura e saneamento básico. Aqui defronte a casa de minha mãe Cleonice a turma da pelada se reunia toda tarde para jogar futebol de várzea, quando chovia, o jeito era driblar na lama literalmente. A turma lá de cima, principalmente na casa de seu Zé Luciano, em época junina, não deixava a desejar, além do mais, o trecho da Rua 11 com parte da Rua José Arnaud, fundiam-se nos mesmos problemas que com o passar do tempo aos poucos vêm sendo solucionados.
Ver o brilho nos olhos de dona Cleó, Tia Zita, seu Geraldo e dona Graça, da professora Cícera, nossa comadre Preta, e tantos outros que contemplam uma paisagem diferente, tão sonhada e agora então concretizada, mesmo com o olhar enviesado dos incrédulos, é gratificante, já que essa gente esperançosa e sempre altaneira, agora olha lá para a imensidão do pavimento asfáltico, e percebe que a rua simples e sem infraestrutura, tão majestosa e tão imensamente relevante, se transformou literalmente em uma GRANDE AVENIDA.
A Rua Onze de Setembro foi contemplada com o programa “Obras de pavimentação asfáltica” da Prefeitura Municipal de Araripina, e dia 07 de julho deste ano, a parte baixa desse imenso logradouro foi concluída para satisfação de seus moradores, e concluída a outra parte que termina onde fica o prédio da atual Farmácia Modelo”.
Quero registrar aqui a nossa satisfação, porque o autor deste blog, viveu parte essencial da sua vida, naquela rua que marcou a nossa história.
Texto e Fotos:Everaldo Paixão