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Aumento no limite do empréstimo consignado deve ser visto com cuidado

QBomBom
Em 2013, um monte de gente
foi às ruas protestar contra o aumento das passagens de ônibus. “Não é pelo R$
0,20”, diziam. Será que não vale a pena a gente protestar agora contra o
aumento dos cinco pontos percentuais no limite do empréstimo consignado? Faz
uma semana que o governo publicou no Diário Oficial da União uma medida
provisória elevando de 30% para 35% o teto do valor que pode ser descontado
mensalmente no pagamento do trabalhador, aposentado ou pensionista. Estranho,
para dizer o mínimo. No final de maio, a presidente Dilma tinha vetado a
ampliação de 30% para 40% do limite aprovada pelo Congresso.
Ao justificar o veto, a
presidente afirmou que “sem a introdução de contrapartidas que ampliassem a proteção
ao tomador do empréstimo, a medida proposta poderia acarretar um
comprometimento da renda das famílias para além do desejável e de maneira
incompatível com os princípios da atividade econômica”. Afirmou também que “a
proposta levaria, ainda, à elevação do endividamento e poderia resultar na
ampliação da inadimplência, prejudicando as próprias famílias e dificultando o
esforço atual de controle da inflação”. O que aconteceu para Dilma mudar de
ideia em menos de dois meses?
O argumento de que esse percentual
a mais, de 5%, só poderá ser usado para pagar as despesas com cartão de crédito
não justifica a mudança. Se a ideia é fazer o brasileiro se livrar das dívidas
“mais caras”, por que não “carimbar” esses 5% dentro do teto de 30%? Bem melhor
do que permitir um comprometimento ainda maior da renda com empréstimos, quando
o país vive um período de aumento do desemprego e inflação em alta. Parece
óbvio para todo mundo – menos para o governo – que essa elevação do limite
amplia o risco de inadimplência, que já está em alta.
Um dia após a publicação da
medida provisória pelo governo, o SPC Brasil divulgou que, em junho, 56,5
milhões de consumidores constavam de cadastros de devedores inadimplentes.
Segundo o levantamento, cresceu o volume de débitos por devedor. Em média, o
inadimplente tem 2,12 dívidas em atraso. Está vendo? Melhor pensar duas vezes
antes de achar que o consignado é a solução para todos os seus problemas. É um
empréstimo como qualquer outro. Você não vai ganhar o dinheiro. Terá de devolvê-lo
depois, com juros.
Abra o olho
O educador financeiro
Reinaldo Domingos orienta sobre a tomada do empréstimo consignado. Vamos às
dicas:
É importante tomar
consciência de que o custo de vida deverá ser reduzido, já que a prestação será
retirada diretamente de seu salário ou benefício de aposentadoria
É muito comum usar o
consignado para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras.
Isso é recomendável. Mas a troca simplesmente de um credor por outro, sem
descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do
endividamento.

A linha de crédito
consignado não pode fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua
utilização deve ser pontual para um objetivo relevante.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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