InícioAraripina em FocoBolsonaro disse que está “com consciência tranquila”

Bolsonaro disse que está “com consciência tranquila”

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retornou a Pernambuco, hoje, para entregar as obras do Ramal do Agreste. Ele chegou de helicóptero às 12h45 na Estação de Bombeamento VII, em Sertânia, no Sertão do Moxotó, mas só subiu ao palco montado para a inauguração por volta das 13h30.

O chefe do Executivo se contrapôs à CPI da Pandemia, negando corrupção em seu governo, e voltou a atacar o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL). “Para quê está servindo essa CPI instalada em Brasília?”, questionou.

“Quem diria. Hoje em dia, Renan Calheiros pauta a imprensa brasileira. Um senador que nada fez, (nem) sequer para o seu estado, Alagoas, que dirá para o Brasil”, disparou. Neste momento, apoiadores de Bolsonaro xingaram o parlamentar.

Em seguida, Bolsonaro se referiu indiretamente ao ex-presidente Lula (PT), principal adversário na disputa eleitoral em 2022. “Aquele cara vem dizendo que quer Renan Calheiros presidindo o Senado numa eleição dele a presidente da República. O povo brasileiro sabe o que passou ao longo desses 14 anos”, disse.

Durante o discurso, o presidente acenou a 750 mil caminhoneiros autônomos e afirmou que vai auxiliar a categoria para compensar o preço cobrado no diesel. Sem citar de onde virão os recursos, Bolsonaro limitou-se a dizer que “os números vão ser apresentados nos próximos dias”.

Ele enfatizou a criação do Auxílio Brasil no valor de R$ 400 em substituição ao Bolsa Família, programa de transferência de renda criado ainda no Governo Lula. O presidente também declarou que o Brasil “está saindo da crise” e que ele segue “com a consciência tranquila”.

Bolsonaro elogiou alguns ministros que estiveram na solenidade. Ele exaltou Marcelo Queiroga (Saúde), outro indiciado na CPI, e Gilson Machado Neto (Turismo), além de jogar a culpa da crise econômica em governadores e prefeitos.

Ao lado de Bolsonaro, também estiveram os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), além de parlamentares da base: o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE); os deputados federais André Ferreira (PSC-PE) e Pedro Eurico (Patriota-PE), bem como os deputados estaduais Antonio Coelho (DEM), Alberto Feitosa (PSC), Cleiton Collins (PP) e Clarissa Tércio (PSC).

Além do Ramal do Agreste, Bolsonaro inaugurou, na Barragem de Campos, a captação definitiva do Ramal de Sertânia, estrutura da Adutora do Pajeú. A expectativa é de que 37 mil habitantes da cidade sejam contemplados. O Governo Federal fez um aporte de R$ 10 milhões.

Sobre o Ramal do Agreste

De acordo com o Governo Federal, houve investimento de R$ 1,67 bilhão nesta obra, que é considerada a maior de infraestrutura hídrica em Pernambuco. Só a atual gestão destinou R$ 1,3 bilhão. Os recursos vieram do MDR, dentro do projeto Jornada das Águas, levando água do Rio São Francisco para nove estados.

Somado às duas etapas da Adutora do Agreste, o Ramal vai beneficiar mais de 2 milhões de pessoas em 68 municípios. A inauguração não vai garantir a entrega de água à população pelo atraso nas obras da Adutora.

Ao discursar na cerimônia do Ramal do Agreste, Rogério Marinho culpou o Governo de Pernambuco. “O Governo do Estado recebeu do Governo Federal 90% desses R$ 1,3 bilhão e só colocou 50% da contrapartida dele. O Governo do Estado tem R$ 47 milhões na conta sem gastar o dinheiro, além de receber R$ 17 milhões para aplicar em pequenas adutoras e não utilizou”, disse.

O ministro do Desenvolvimento Regional também assegurou que alocou para a Adutora do Agreste R$ 250 milhões e declarou que a obra está “há oito anos sem terminar” e que o Governo do Estado “começou a obra de trás para a frente”.

O Governo de Pernambuco, por sua vez, rebateu as declarações do MDR. De acordo com a administração estadual, a conclusão não ocorreu “porque o Governo Federal vetou, em abril deste ano, o repasse orçamentário que seria destinado às obras”.

“Os R$ 161 milhões previstos e assegurados para serem empregados nas obras complementares jamais foram liberados pelo Governo Federal. Em todo o ano de 2021, nenhum único centavo foi repassado ao Governo de Pernambuco para o andamento das adutoras”, prossegue.

O Governo do Estado alega que houve um veto presidencial no último dia 22 de abril a esse repasse, sob a alegação de “contrariedade ao interesse público”, mesmo com os valores previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA).

“Como consequência, mais uma vez, as obras da Adutora do Agreste diminuíram de ritmo por conta da incerteza na disponibilidade financeira por parte do Governo Federal e não por conta da ordem de execução dos trabalhos, como afirmou em nota o Ministério do Desenvolvimento Regional. Deixando bem claro: em 2021, a União não realizou nenhuma transferência de recursos”, finaliza.

Por Houldine Nascimento, enviado especial a Sertânia

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