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Brasil conquista o mundo e a nossa seleção perde o respeito

Resumo da ópera: o
Brasil conquistou o mundo ao organizar a melhor Copa da Fifa de todos os
tempos, segundo a opinião unânime da imprensa internacional, e a seleção
brasileira pentacampeã mundial perdeu o respeito de quem ama o futebol.
A derrota por 3 a 0
para a Holanda neste sábado serviu apenas para mostrar que os 7 a 1 que a
Alemanha meteu nos meninos de Felipão, quatro dias antes, não foi um acidente
de percurso, um “apagão”, como quis demonstrar com planilhas a
indigente comissão técnica formada pela CBF sob o comando de um provecto senhor
chamado José Maria Marin, de triste memória.
Escrevo antes da final
entre Alemanha e Argentina, no Maracanã, e de ler o noticiário do dia porque,
qualquer que seja o resultado, a Copa no Brasil para mim já terminou e agora
não adianta chorar o leite derramado.
Foram, na verdade, duas
Copas do Mundo, bem distintas para nós.
Dentro de campo,
assistimos a jogos fantásticos, uma chuva de gols, defesas espetaculares,
emoção do começo ao fim das disputas, uma festa permanente nos estádios
lotados, um bilhão de pessoas no mundo todo assistindo a esta maravilhosa ópera
do futebol. A grande decepção ficou por conta da seleção brasileira, tão
endeusada por nossa imprensa antes do evento começar. Deu vergonha.
Fora de campo, não só
tudo funcionou perfeitamente, do acesso aos estádios aos aeroportos, da
segurança aos serviços públicos, bem ao contrário das previsões catastrofistas
desta mesma imprensa, como fomos capazes de promover uma grande
confratermização universal, que o mundo todo curtiu e aplaudiu durante um mês.
Deu orgulho.
Com estes sentimentos
contrastantes, somos obrigados a reconhecer: foi uma grande vitória da
presidente Dilma Rousseff, que soube segurar o peão a unha e entregou o que o
governo brasileiro prometeu, superando todas as expectativas.
E representou, mais uma
vez,  a derrota da turma do contra
liderada pela grande mídia familiar, incapaz de aceitar até agora que errou
feio, antes e durante a copa, passando do terrorismo ao oba-oba, e terminando
no chororô de forma melancólica, sem ter em nenhum momento apontado as causas
da decadência estrutural do futebol brasileiro, entregue aos que com o esporte
apenas querem faturar, faturar, faturar.
Uma rara exceção na
nossa imprensa do pensamento único, que é preciso registrar: “O Brasil do
eu acredito _ Na grande tragédia da seleção brasileira nesta Copa do Mundo não
há inocentes, nem mesmo a torcida”, de Eliane Brum, texto definitivo
publicado na “Folha de S. Paulo”, sexta-feira, dia 11 de julho.
Desta forma, tanto faz
Felipão ficar ou se aposentar, se os que mandam continuam os mesmos, sobrevivem
os mesmos interesses legais ou escusos, os campos de várzea acabaram e não há
projetos nem privados nem públicos para a formação de novos jogadores, como a
Alemanha vem fazendo há muitos anos com dedicação e competência.
Por isso, vou torcer
daqui a pouco para a Alemanha, que hoje está jogando o melhor futebol do mundo,
e também porque veio de lá a minha família materna, que merece este título por
tudo o que fez, dentro e fora do campo, na inesquecível Copa no Brasil.
Tinha planejado uma
feijoada para este domingo da grande final, mas já que não chegamos lá, vou
reunir a família em torno de um belo almoço alemão. Gostaria de convidar todos
vocês a esquecer a tristeza pelas acachapantes derrotas que sofremos nos
últimos dias e comemorar a grande conquista do povo brasileiro que, com sua
hospitalidade e alegria, conquistou o mundo.

A festa acabou, vida
que segue.
Ricardo Kotscho (Blog)
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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