chora, às vezes nem se sabe o motivo. Pode ser sono, fome, dor, mas logo vem o
acalanto. É irresistível ninar um chorão. Que privilegiados esses jogadores.
Foram ninados por mais de 60 mil pessoas na vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia.
O povo da Arena Castelão abraçou a seleção brasileira. Mesmo sem saber se as
lágrimas eram de emoção ou medo, pegaram Thiago Silva, Neymar e companhia no
colo como se dissessem: “Não chorem, vamos cuidar de vocês”.
massacre do primeiro tempo em que o rival não viu a cor da bola, e no dramático
segundo, que teve gol colombiano anulado e o cartão amarelo que tirou Thiago
Silva da semifinal contra a Alemanha, terça-feira, no Mineirão. Uma molecagem
cara em meio à sua brilhante atuação.
“crianças” cheias de autoestima depois da sofrida experiência contra o Chile e
dos cuidados especiais de Felipão, Parreira, da psicóloga Regina Brandão. As
lágrimas, tão julgadas e criticadas, conquistaram o torcedor.
jogou e bem. Mudou até a canção de ninar. Os jogadores deixaram de ser
embalados pelo cansativo “com muito orgulho, com muito amor”, e ganharam
canções mais animadas, que falam até dos mil gols de Pelé e avisam: “Brasil vai
ser campeão”. Já era hora.
tradicional Alemanha, no Mineirão, em Belo Horizonte, na terça-feira que vem,
às 17h (de Brasília), a Seleção vai para o penúltimo capítulo desse livro que
começou a ser escrito há 64 anos, no Maracanazo uruguaio, e ainda espera pelo final
feliz.
sobre a bola. O apelido de monstro foi pouco para explicar seu primeiro tempo.
Antes de a bola rolar, com os punhos cerrados, ele ligou seus amiguinhos na
mais alta voltagem. No escanteio cobrado por Neymar, aproveitou falha de
marcação e abriu o placar. Festejou como um menino eufórico. “Isso aqui é
Brasil”, gritou pelo gramado enquanto corria com os dedos apontados ao papai do
céu: “Obrigado por tudo”.
vermelho se agigantou, o capitão sucumbiu. Eram quatro colombianos contra dois
brasileiros, mas Thiago cortou o passe de Cuadrado para Téo Gutierrez. Quase
outro gol.
que clareou todo o lance, James Rodríguez mostrou do que era capaz se ficasse
livre. Não ficou. Com direito a faltas mais duras, Fernandinho tomou conta do
craque. O volante teve ótima atuação na etapa inicial, conduzido pelos gritos
ensurdecedores da galera. Não fossem as boas defesas do goleiro Ospina e a
falta de capricho nas finalizações de Hulk, que vestiu a roupa do super-herói e
cresceu, a vitória seria mais tranquila.
não basta ser acalentada, a criança tem de aprender a lição. O Brasil teve
cobrança de lateral no campo de defesa, e Marcelo quicou a bola no chão como se
fosse para um lance livre de basquete. Arremessou para longe. O gol do Chile
deixou marcas. Que bom.
Colômbia pressionasse no segundo tempo. Os meninos, que até então haviam
apresentado o melhor futebol da Copa, tinham muito mais a mostrar. Compactos,
tiraram o sossego do Brasil e se fez o drama. Primeiro no cartão amarelo para
Thiago Silva, que atrapalhou a reposição de Ospina e mandou para o gol. Felipão
levou as mãos ao rosto e pronunciou uma palavra que crianças não devem repetir.
A seleção vai sem o capitão
contra a Alemanha.
após marcação de impedimento, também assustou. E lá estava a torcida a proteger
seus filhos dos perigos. Não há quem assimile mais a paixão do país do que
David Luiz. Talvez isso o tenha inspirado a acertar o ângulo em cobrança de
falta. Um golaço! Último titular a fazer gols pela Seleção, marcou pela segunda
vez seguida. E riram quando Pelé falou que a Seleção tinha uma defesa melhor do
que o ataque…
campo, e Julio César fez pênalti em Bacca. James marcou seu sexto gol na Copa
do Mundo. Não fará outros. A Colômbia pressionou, assustou, arrancou lágrimas e
mais lágrimas de seus orgulhosos torcedores, mas voltará para casa. Coberta de
aplausos, certamente.
alguém da Seleção voltou a derramar lágrimas. Neymar sofreu uma joelhada nas
costas de Zuniga, aos 41 minutos, saiu de maca aos prantos e preocupa.
eliminações seguidas nas quartas de final, por França em 2006 e Holanda em
2010. Se os alemães estão curtindo tanto a Copa no Brasil, chegou a hora de
curtirem um pouco do futebol brasileiro. Será histórico.