O relatório da investigação conduzida pela promotora Rosangela Padela foi encaminhado à 2ª Vara Criminal de Olinda, sob responsabilidade da juíza Simone Cristina Barros, que acatou denúncia. A magistrada enviou ofício com solicitação à Secretaria de Defesa Social para que forneça o histórico criminal dos acusados. Também ordenou que seja oficializado à Polícia Federal o pedido dos endereços no Brasil cadastrados pelos três. Não foi solicitada a prisão deles.
A investigação de falsidade ideológica foi solicitada pela Promotoria da Infância e Juventude de Olinda à Polícia Civil após ser descoberto que a criança, estando apenas sob guarda provisória do casal, já teria sido batizada e com outro nome – o que configura o crime. Giovana Uchoa assinou o documento como testemunha e madrinha da menina, o que, para o MPPE, confirmou que ela também foi responsável. Apesar dos indícios, a delegada Andréa Melo, responsável pelo inquérito policial, apontou “ausência de culpabilidade” dos suspeitos. O que chamou atenção do MPPE foi que sequer Giovana foi ouvida antes da conclusão do caso. Rosangela Padela decidiu assumir a investigação.
Em depoimento à polícia, na época, o padre José Severino da Silva relatou que o casal investigado contou que havia esquecido a certidão de nascimento em casa. Como ele conhecia Giovana, aceitou registrar a criança no livro do batistério sem o documento. Já a carioca afirmou que não sabia da necessidade da certidão e que usou os nomes que a menina iria receber se fosse adotada. Como o caso corre em segredo de Justiça, a promotora não se pronunciou.
O corregedor-geral Frederico Neves encaminhará à Corte Especial do Tribunal de Justiça parecer final sobre o caso e pedido de análise dos 15 desembargadores, que vão decidir se será aberto o Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Nesta última fase do processo, testemunhas de acusação e defesa podem ser inquiridas a prestar depoimento. Cada parte pode convocar até oito pessoas. Por último, acontece o interrogatório da juíza. Ficam então os desembargadores aptos a votarem sobre possíveis sanções, entre elas a de aposentadoria compulsória. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está acompanhando o caso. Em paralelo, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas do Brasil convocará a magistrada a prestar depoimento sobre a suspeita de adoção irregular.