Embora
o Brasil tenha um sistema pluripartidário, PT e PSDB desenvolveram
estruturas muito fortes, que dificultam que uma terceira via se
estabeleça e se mantenha.
ano de 2014 promete mexer com os cenários políticos relativamente
estabelecidos nas últimas cinco eleições nacionais. O motor dessas
mudanças é o afastamento do governador de Pernambuco e presidente
nacional do PSB, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência da
República. Ele tem sido apresentado pelos aliados, especialmente a
socialista neófita Marina Silva, como sendo capaz de quebrar a
polarização entre PSDB e PT, que domina a discussão política nacional
desde 1994.Naquele ano, embora o
tucano Fernando Henrique Cardoso tenha obtido o dobro de votos que o
petista Luiz Inácio Lula da Silva, ambos conquistaram mais de 80% do
eleitorado. O percentual aumentou em 1998 e, nas eleições posteriores, o
2º turno foi disputado pelas duas forças. O cientista político Hely
Ferreira aponta que o projeto do PSB é possível, mas enfrentará
dificuldades, devido à hegemonia dos outros dois partidos. “O desafio de
Eduardo é conseguir quebrar essa polarização para além do curto prazo.
o Brasil tenha um sistema pluripartidário, essas duas siglas (PT e
PSDB) desenvolveram estruturas muito fortes, que dificultam que uma
terceira via se estabeleça e se mantenha”, pondera. Segundo Ferreira, o
PSB fundamenta sua aspiração sobre duas apostas. A primeira, é que o
candidato da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), não tem a força
demonstrada por seus predecessores, o próprio FHC, José Serra (PSDB-SP) e
Geraldo Alckmin (PSDB-SP). A segunda, é que existe uma grande
quantidade de partidos e políticos insatisfeitos na base do Governo
Federal, que podem ser cooptados.
Eduardo sonha se eleger em 2014 ou mesmo com projetos nacionais
futuros, precisa costurar uma aliança forte, desvinculando esses
insatisfeitos da base e incorporando-os a seu próprio projeto”,
condiciona o cientista político. Professor de Comunicação e Política da
Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o cientista político
Juliano Domingues acredita que a quebra dessa polarização pode ter sido
inciada em 2010, quando Marina Silva obteve quase 20% dos votos do
Brasil, que mesmo assim não foram suficientes para levá-la ao segundo
turno.
candidatura de Eduardo poderia ser interpretada como um reforço nesse
sentido. Ou seja, aumentam as chances de um certo desequilíbrio na
bipolarização”, avalia. Domingues, no entanto, ressalta que a vitória
política de Eduardo não está condicionada ao sucesso eleitoral em 2014, e
que o socialista já pode se considerar vitorioso. “Por conta da
dimensão nacional e internacional a ele atribuída em 2013, ele já
ganhou. Como se costuma dizer, o que vier, agora, é lucro”, afirma o professor.