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Coluna da sexta-feira


Lula – Continuaremos no governo do País apos 2018. Entrevistado pelo PCdoB na
Câmara nesta quinta-feira (29), o ex-presidente Lula reconhece o momento de
“muita dificuldade” na política brasileira, mas ele acredita que as
recentes mudanças na articulação política do governo Dilma darão um alento ao
Planalto no Congresso.  
“Não é um momento
fácil. Possivelmente, é o momento o mais difícil da história do PCdoB e do PT,
porque não estamos enfrentando um partido de oposição comum. Estamos
enfrentando um massacre de uma imprensa conservadora”, disse.
“Existe um massacre em
cima do PT. Evidentemente, que nós também temos cometido erros. Existe
discordância com relação à política econômica, e temos de fazer as correções na
medida do possível e no momento correto. Temos muita divergência dentro do Congresso
Nacional. É preciso que os partidos assumam a responsabilidade de funcionar
enquanto partidos políticos”, ressaltou.
Ainda assim, ele afirma que
a presidente Dilma Rousseff “vai voltar a crescer” e deixa um recado:
“Para aqueles que não gostam de nós, vão ter de conviver a partir de 2018
durante mais quatro anos com os partidos democráticos e populares na governança
deste país”.
Lula almoçou com a bancada
do PCdoB na Câmara nesta quinta.
Abaixo os principais trechos
da entrevista exclusiva de Lula concedida ao PCdoB na Câmara:
PCdoB na Câmara – Como foi a
reunião-almoço com a Bancada Comunista no Congresso?

Luiz Inácio Lula da Silva
Agradeci muito por tudo que o PCdoB significa na minha vida ao longo da minha
trajetória política. Discutimos a necessidade de o PCdoB e do PT se reunirem
mais e debaterem estratégias comuns de atuação. O PT agradece muito pelo
comportamento da Bancada do PCdoB no Congresso, com a líder Jandira Feghali,
que tem sido motivo de orgulho para quem é da esquerda neste país. Mostra que
tem gente com caráter, que não é oportunista e não rema apenas do lado que a
maré está favorável. Isso o PCdoB tem feito historicamente. Nos últimos 40
anos, não posso reclamar da relação com o PCdoB. Tem sido extraordinária desde
a primeira campanha em 1989 com João Amazonas, depois com Renato Rabelo e agora
com Luciana Santos. O PCdoB está inovando, tendo uma mulher na presidência. Não
é pouca coisa um partido comunista ter uma mulher na presidência. Isso tudo
ajuda na nossa relação.
PCdoB na Câmara – A ideia é
estabelecer uma agenda rotineira de encontros entre PT e PCdoB?
Lula – É importante que uma
vez por mês ou a cada dois meses, quando tiver reunião da executiva,
conversemos um pouco. O PCdoB ir numa reunião do PT para fazer avaliação de
conjuntura e vice-versa. O objetivo é que nos aproximemos cada vez mais. Quando
tiver eleições municipais em 2016, podemos ter divergências em um lugar ou
outro. Mas as divergências são bem menores do que as coisas unificadoras entre
PT e PCdoB. Saio daqui deste almoço mais fortalecido de cabeça e alma.
PCdoB na Câmara – Como o
senhor avalia a atual conjuntura política?
Lula – Não é um momento
fácil. Possivelmente, é o momento o mais difícil da história do PCdoB e do PT,
porque não estamos enfrentando um partido de oposição comum. Estamos
enfrentando um massacre de uma imprensa conservadora. Parece-me que a imprensa
não concorda com a evolução e as conquistas do povo mais pobre deste país. Não
concordam com o pobre nas universidades e com programas que elevaram a
qualidade de vida das pessoas, como o Minha Casa Minha Vida. Tem gente que se
incomoda com os pobres quando eles têm ascensão. Existe um massacre em cima do
PT. Evidentemente, que nós também temos cometido erros. Existe discordância com
relação à política econômica, e temos de fazer as correções na medida do
possível e no momento correto. Temos muita divergência dentro do Congresso
Nacional. É preciso que os partidos assumam a responsabilidade de funcionar
enquanto partidos políticos.
PCdoB na Câmara – Qual é a
saída?
Lula – Teoricamente, a
presidenta Dilma Rousseff tem maioria dentro do Congresso tanto na Câmara
quanto no Senado. O governo agora arrumou a sua articulação política. A vinda
do companheiro Jaques Wagner para a Casa Civil deu um alento muito grande
dentro do Congresso. O Aloisio Mercadante voltou para a Educação e fará um
extraordinário trabalho na Educação. Nós vamos superar. A Dilma vai voltar a
crescer. Para aqueles que não gostam de nós, vão ter de conviver a partir de
2018 durante mais quatro anos com os partidos democráticos e populares na
governança deste país.
Datafolha aponto Câmara contra Cunha e o Golpe – Uma pesquisa Datafolha,
feita com 324 deputados, que foi divulgada nesta sexta-feira, revela que quase
metade dos parlamentares (45%) são favoráveis e, ainda, que a oposição não tem
os votos para levar adiante seu intento golpista. Em vez de dois terços
necessários para o impeachment, haveria apenas 39% de deputados dispostos a
votar pelo impeachment.

Sobre Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), 45% dos 513 deputados defendem a sua saída, enquanto 25% pregam
sua permanência e 30% não se posicionaram.
Em relação a eventual
processo de impeachment, 39% disseram que votarão a favor da abertura do
processo se a questão for levada ao plenário da Câmara, enquanto 32%
afirmaram que votarão contra e 29% dos consultados não se posicionaram nessa
questão. 
Como a oposição necessitaria
de dois terços dos votos, a Folha reconheceu que “o resultado da pesquisa
sugere que ela [Dilma] está mais perto do objetivo de se manter no cargo do que
a oposição do objetivo de promover o afastamento.”
No entanto, Mário Paulino,
diretor do instituto afirmou que os números podem mudar. “Há um
número significativo de parlamentares escondendo o jogo”, diz ele.
“Os resultados finais indicam tendências gerais, mas não são
representativos do total do Congresso”, completa. 
Ontem, o presidente da
Câmara revogou o rito do impeachment acertado com a oposição, que havia sido
suspenso pelo Supremo Tribunal Federal, e chamou novamente a questão para si.

Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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