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Como a internet está destruindo a supremacia da tevê na mídia

Dois anos atrás, num
encontro de diretores da Abril com jovens talentos recrutados para treinamento,
foi-lhes perguntado quem via o Faustão.
Ninguém.
O Fantástico?
Ninguém.
O ambiente festivo, na
ocasião, só foi sacudido quando rarefeitas mãos se ergueram quando foi
perguntado quem lia a Veja.
Aqueles garotos e garotas
representavam, numa expressão, a Era Digital.
Um estudo global da
consultoria PWC – antiga Price Waterhouse – faz você compreender a força
transformadora da internet no universo da mídia.
A internet, aponta o
estudo, está se aproximando velozmente da televisão para se tornar a mídia que
atrai mais investimentos publicitários.
Globalmente.
“Em 2013, o total de
publicidade na internet foi de 117,2 bilhões de dólares”, afirma a PWC. “Este
montante deve subir para 194,5 bilhões em 2018, num crescimento de 10,7% ao
ano. É um salto significativo em relação a 2009, quando a tevê atraiu 132
bilhões de dólares em publicidade e a internet apenas 58,7 bilhões.”
Na Inglaterra, um terço do
bolo publicitário   já pertence à
internet. Nos Estados Unidos, também.
No Brasil, a marcha é mais
lenta. O pedaço da internet é metade daquilo, cerca de 15%.
Mas passos significativos
vão sendo dados também em solo brasileiro.
Poucas semanas atrás, por
exemplo, a filial brasileira da L’Oreal informou que estava deixando de
anunciar um revistas.
Foi uma decisão
catastrófica para as publicações femininas. Ao longo dos anos, no caso brasileiro,
a L’Oreal foi o maior anunciante de títulos como Claudia e Nova, da Abril.
No âmbito do governo
federal, a Era Digital está ainda menos refletida nos gastos com publicidade.
Em 2012, a cota digital no
total da publicidade governamental foi de 5,3%. A da televisão, de 62,6%.
A Secom, divisão do
governo que administra a receita de publicidade, trocou de chefia, há alguns
meses.
No comando agora está o
jornalista Thomas Traumann, a quem, segundo foi veiculado, está atribuída a
tarefa de fazer refletir a exuberância digital na publicidade do governo.
O chamado orçamento de
base zero pode contribuir neste desafio.
Nele, como fazem
corporações bem geridas, cada despesa em toda área é determinada não a partir
do que se gastou no ano anterior – mas da base zero.
É uma forma de ganhar
eficiência e evitar aumentos inerciais.
A “base zero” poderia ter
levado a Secom a questionar, em algum momento nestes últimos anos, se havia
razão para aumentar os gastos com publicidade federal de 964 milhões de reais,
em 2003, para 1,8 bilhão, em 2012.

A “base zero” na Secom
pode ser extraordinariamente útil neste segundo governo Dilma, assim como um
olhar mais profundo para a revolução digital que varre a mídia.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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