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Comunidades quilombolas aproveitam o período chuvoso para investir no reflorestamento de áreas da Caatinga

A meta é ousada. Plantar cerca de 80 mil mudas de espécies nativas até o final de junho nas comunidades quilombolas de Jatobá II, município de Cabrobó, e Cupira e Inhanhum, na cidade de Santa Maria da Boa Vista. Desde a chegada das primeiras chuvas na região, em meados de dezembro, o Projeto Recupera Caatinga lançou mão de estratégias eficazes para avançar na implantação de bosques climáticos familiares, no reflorestamento de áreas degradadas, reserva legal, e matas ciliares de riachos e do rio São Francisco.

Além de recuperar a Caatinga, a ideia é desenvolver um conjunto de ações que permita alcançar não só a meta, mas também cumprir o objetivo de diminuir os efeitos das mudanças climáticas nos quilombos. Para isso, a equipe técnica do projeto começou a organizar mutirões nas comunidades como forma de ampliar a participação das famílias e mobilizar pessoas voluntárias. De acordo com uma das agentes de proteção ambiental que atua no projeto, Taciany Coelho, já foram realizados três mutirões até o início de março em Cupira, e a expectativa é acelerar o plantio de mudas nativas.

“O mutirão foi uma alternativa encontrada para agrupar muita gente e na prática isso faz toda diferença. Conseguimos melhores resultados a partir da interação entre os sujeitos da comunidade. Valorizamos o trabalho voluntário também porque até então eram pessoas que estavam distantes do projeto, mas estão colaborando motivadas a cuidar do meio ambiente”, destaca.

A iniciativa foi pensada juntamente com a associação quilombola de Cupira e vem sendo realizadas aos sábados e feriados. Em cada mutirão participam cerca de 30 pessoas da faixa etária de 11 a 60 anos, que se dividem em grupos. Cada equipe acompanha um escavador para realizar os plantios, e no intuito de otimizar o processo, foi pensada uma logística que pudesse facilitar o deslocamento dos materiais utilizados na atividade. “Sou uma das voluntárias do Projeto Recupera Caatinga, e acho muito importante à missão de recuperar a vegetação das comunidades tradicionais, através dessas ações e do resgate dos conhecimentos dos nossos ancestrais”, avalia Fabiana Medrado, moradora da comunidade.

Simultaneamente ao plantio de mudas de espécies nativas, o Projeto Recupera Caatinga também vem apostando na estratégia de produção e arremesso de bombas de sementes, principalmente nas áreas de difícil acesso nos quilombos. Para produzir milhares de bombas de sementes, a equipe técnica do projeto realizou oficinas e atividades coletivas no ano passado, antes da chegada das chuvas. A bomba de semente é feita a partir da mistura de argila úmida, com esterco ou húmus, água, e no interior da bola são colocadas sementes. O manuseio é feito na mão até que ela se torne uma esfera firme e consistente. Segundo o coordenador do projeto, Alexandre Pereira, as bombas de sementes foram armazenadas após perderem a umidade.

“Fizemos um planejamento para produzir as bombas de sementes durante a estiagem, conseguimos concretizar, e já estamos observando os resultados. Até o final de fevereiro, quase 7 mil bombas de sementes foram lançadas, e a previsão é ampliar esse quantitativo até o final do ciclo chuvoso na região”, explica.

Projeto Recupera Caatinga

O Projeto Recupera Caatinga é uma realização do Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada), com patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental. A iniciativa beneficia diretamente 270 famílias quilombolas, incluindo crianças, jovens, mulheres e adultos.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Projeto Recupera Caatinga

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