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De onde vem a fortuna de Mário Araripe, um dos homens mais ricos do Nordeste

O cearense Mário Araripe vem construindo a sua fortuna desde a década de 1980, mas foi com os investimentos em energias renováveis, no início dos anos 2000, que começou a figurar na lista dos homens mais ricos do Nordeste, segundo a Forbes. Atualmente com 69 anos, o empresário projeta um dos seus maiores investimentos, a construção de data center no Pecém e atrair big techs, no valor de R$ 55 bilhões, por meio da Casa dos Ventos.

A aposta pelo data center no Pecém tem como base o caminho de descarbonização, e o Ceará reúne condições geográficas e climáticas próximas da perfeição para atrair investimentos vultuosos no setor.

“As big techs controlarão a inteligência artificial, e decidirão que não vão mais consumir combustíveis fósseis, só energia renovável. Elas virão para cá, vão procurar a nossa energia do vento e do Sol. Talvez a gente consiga implementar aqui os maiores data centers do mundo, e tem a vantagem do entroncamento, da distância”, ressaltou Araripe em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste durante entrega da Medalha do Mérito Industrial, do qual o empresário foi um dos agraciados com a comenda, na semana passada.

Sócio-fundador da Casa dos Ventos, o empresário é o idealizador da maior referência em energia renovável no Brasil, responsável por 1/4 de todos os projetos eólicos, e protagonista da transição energética que irá acelerar a reindustrialização do país.

Em 15 anos de trajetória, a empresa atua em todos os segmentos de energia renovável: desenvolvimento, geração, operação e manutenção, comercialização e plataforma de soluções customizadas para acelerar a jornada da descarbonização de empresas de diferentes setores da economia. 

Atualmente, a Casa dos Ventos possui 3,1 GW de projetos em operação e mais de 30 GW de projetos em desenvolvimento, que equivale ao maior portfólio de renováveis do país.

OUTROS NOVOS PROJETOS

Só neste mês de maio, além do data center, a Casa dos Ventos já anunciou um investimento de R$ 2 bilhões em um projeto de energia eólica no Estado, o Tianguá III (na cidade de mesmo nome). A expectativa é que o local esteja funcionando até o início de 2027 gerando mil empregos diretos e dois mil indiretos.

Além disso, a Casa dos Ventos vai entrar de vez no segmento de energia solar, com um investimento no Complexo Fotovoltaico Pecém, localizado em Pentecoste, a cerca de 100 quilômetros de Fortaleza, com capacidade instalada de 600 megawatts (MW) nos 12 parques do empreendimento.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Nascido no Crato, no interior do Ceará, em 20 de dezembro de 1954, Araripe é filho de um engenheiro de obras contra a seca. Integrante de uma família de classe média do interior, se formou em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com curso de extensão pela Harvard Business School (EUA).

O primeiro ramo de negócio que ele atuou foi o têxtil, ainda na empresa do sogro. Após, ainda nos anos 80, montou a construtora Colmeia, na época uma das maiores do Nordeste, especializada em imóveis de luxo. O negócio foi vendido em 1994, quando Araripe investiu novamente no ramo têxtil, com a Companhia Valença Industrial e a Têxtil União.

AMOR PELA ENGENHARIA MATERIALIZADO EM QUATRO RODAS

No fim da década de 90, ao retornar com a família (esposa e quatro filhos) de uma temporada de estudos em Boston (Estados Unidos), Araripe usa recursos da venda da construtora Colmeia para comprar a fábrica de veículos utilitários Troller.

A empresa, localizada em Horizonte (CE) e fundada em 1995 pelo engenheiro Rogério Faria, dois anos depois foi vendida para Araripe. Controlador da marca, ele foi o responsável pela grande aceleração da empresa e reconhecimento do produto 100% brasileiro com as participações e vitórias em provas do Rali Paris-Dacar e dos Sertões, entre outros.

Após 10 anos, o empresário vendeu a Troller à norte-americana Ford, em um negócio estimado em R$ 600 milhões.

CONSELHO QUE VALEU OURO

Em uma conversa com o engenheiro Odilon Camargo, ex-colega do ITA e responsável pelo primeiro grande levantamento sobre o potencial eólico do Brasil, elaborado para o Ministério de Minas e Energia, Araripe entendeu que quem “surfaria nessa onda” seria quem se “jogasse na água primeiro”.

Levando em consideração os bons ventos do Nordeste, ainda em 2007, ele criou a Casa dos Ventos. No início, a empresa comprava e alugava terras no Ceará para desenvolver projetos eólicos e, rapidamente, se tornou a maior desenvolvedora de parques de geração de energia, entre projetos próprios e para terceiros.

Os investimentos ocorrem em diversos estados da região, além do Ceará, como Pernambuco e Piauí, entre outros.

Fonte: Diário do Nordeste

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