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Dívida dos brasileiros no rotativo do cartão de crédito dispara

A dívida dos brasileiros
no rotativo do cartão de crédito engordou em 2015. O saldo dessa modalidade –
isto é, a soma de todo os valores devidos – cresceu 21,2% no ano passado e
atingiu R$ 34,5 bilhões, segundo o Banco Central (BC). O ritmo de crescimento é
praticamente o dobro do verificado em 2014, quando avançou 11,4%. De acordo com
o BC, o aumento pode ser explicado pela intensificação do uso do rotativo e a
incorporação de juros – que atingiram o patamar recorde de 431,4% ao ano.
O gatilho do rotativo
ocorre quando o consumidor não paga o valor integral da fatura. Se quitar
alguma quantia entre o pagamento mínimo exigido e o total, o consumidor não é
considerado inadimplente, mas fica sujeito a uma taxa altíssima de juros.
O valor que restou é
computado como um crédito novo – ou concessão, pela nomenclatura do BC. Neste
detalhe, outro dado desperta atenção: a concessão do rotativo está crescendo a
um ritmo bem menor, de 1,6%.
Os dados não permitem
quantificar o número de pessoas inadimplentes no cartão. Mas o descolamento
entre o aumento da dívida (saldo) e a concessão indica que o juro recorde está
criando um contingente de superendividados no Brasil.
“Se o consumidor
carregar a dívida do rotativo por muito tempo, e não trocá-la por outra mais
barata, acaba ficando com um débito impossível de se pagar”, afirma
Marianne Hanson, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Não por
acaso, a inadimplência do rotativo é a maior entre todas as linhas de crédito
disponíveis no País: 40,3%.
“A falta de
conhecimento de outras opções acaba fazendo com que a pessoa opte pelo
refinanciamento do rotativo”, diz Eduardo Tambellini, sócio da consultoria
GoOn, especializada na gestão de risco de crédito.
Para escapar dessa espiral
de juros, o consumidor pode procurar, no próprio banco, linhas de crédito mais
baratas. O consignado, que desconta o valor das parcelas diretamente na folha
de pagamento, cobra 28,8% ao ano pelo dinheiro emprestado, por exemplo.
Um levantamento da CNC
mostra que, em janeiro, o cartão de crédito foi apontado como a principal
dívida por 78,6% das famílias, o maior porcentual desde o início da pesquisa,
em 2010 “Essa percepção dos consumidores se deve à preocupação com os
juros”, afirma Marianne.
Meio de pagamento
A economista da CNC lembra
que a popularização do cartão de crédito tornou o instrumento um meio de
pagamento e de bancarização, principalmente entre a camada mais pobre da
população. “Observamos nos últimos anos uma redução da participação de
outros meios, como os carnês e o cheque pré-datado.”
Entre aqueles que recebem
até 10 salários mínimos, o cartão é apontado como principal dívida por 80%,
enquanto na camada superior, com renda de mais de 10 salários mínimos, o
porcentual cai para 72,2%.
Marianne lembra, contudo,
que os consumidores que escolhem essa alternativa para contas do dia a dia são
potenciais tomadores de crédito no rotativo em momentos como o atual, de
aumento de inflação, queda de rendimento e disparada do desemprego.
“Os saldos do cartão
de crédito à vista, em que não há incidência de juros, e os do parcelado ainda
são maiores do que o rotativo”, afirma Marianne.
Os especialistas lembram
que os consumidores devem evitar a aparente facilidade do rotativo. “As
faturas destacam a possibilidade do pagamento mínimo, em geral 15% a 20% do
total, sem explicações para o consumidor sobre as implicações dessa escolha”,
afirma Hessia Costilla, economista da associação da consumidores Proteste.
Campanha
O forte aumento dos juros
motivou a Proteste a encampar uma iniciativa para reduzir as taxas cobradas
pelos bancos. Em dezembro, a entidade enviou um ofício ao BC sugerindo um teto
para o juro do rotativo. Pela proposta, os bancos poderiam cobrar, no máximo, o
dobro da taxa do Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI).

“Um mercado de livre
concorrência funciona melhor do que um em que as taxas são reguladas. Mas, em situações
emergenciais como esta, limitar o juro do rotativo pode ser uma solução”,
diz Hessia. Ela cita exemplos internacionais, como o de Portugal, que adotou
medida semelhante e obteve sucesso na redução dos juros. (Fonte:Jc online Foto/divulgação)
As inscrições poderão ser feitas a partir do dia 22/02, na sede da academia que está localizada no bairro Alto da Boa vista, na Rua Padre Cicero ou pelo telefone (87) 9 9122-9400.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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