BRASÍLIA – Na conversa com os dirigentes tucanos durante almoço no Palácio da Alvorada, logo após a queda do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o presidente Michel Temer mostrou preocupação e acha que foi realmente grampeado pelo ex-ministro Marcelo Calero (Cultura). Na conversa um dos governadores presentes tentou tranquilizá-lo e aconselhou que pedisse que, se houver gravações, que elas sejam logo divulgadas para mostrar que sua intervenção fora tentar jogar o conflito para a Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo os presentes, Temer estava bastante chateado com a confusão e com a demissão de Geddel e coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardozo tentar confortá-lo, dizendo que sabe como é duro ter que demitir um amigo.
Temer teve conversas reservadas com o presidente do PSDB, Aécio Neves, com FHC, com o ministro da Justiça, Alexandre Morais, e com o governador de Goiás, Marconi Perillo.
— O presidente está chateado, disse que foi correto com o Calero e pediu para que ele continuasse no governo. Aí o Calero disse: como vou ficar no governo? Vou ter que decidir o recurso, e o Geddel vai me matar. Aí o Temer disse que ele não precisava decidir, que mandasse o caso para a AGU, mas que ele voltou a noite para uma nova conversa e já voltou com o gravador — disse um dos presentes.
Um dos tucanos sugeriu :
— Presidente, se esse assunto voltar, peça que o Calero abra a gravação para mostrar que sua intenção foi administrar a crise — contou um dos presentes, acrescentando que Temer gostara da ideia.
Na conversa com os tucanos, o presideente agradeceu o apoio do PSDB e mostrou preocupação com as votações da reforma da Previdência, a PEC do teto de gastos e outras matérias do ajuste fiscal.
— O presidente Fernando Henrique conversou com o Temer sobre o seu estilo de governar, de seu encontro com o presidente Macri e comentou como o PT diminuiu de tamanho nessas eleições. O Alckmin contou histórias do Covas. O presidente Temer disse que o PSDB tem sido muito leal e agradeceu a solidariedade. Foi um momento rico e valioso — contou o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC).
O líder tucano presenteou o presidente Michel Temer com uma caixa com cinco garrafas de vinho produzido na Serra Catarinense e pediu que o Alvorada incluísse rótulos do seu estado no cardápio, ao lado dos rótulos do Rio Grande do Sul, tradicionalmente servidos na residência oficial.
POR MARIA LIMA | O Globo