Para quem está desempregado, a virada do ano pode renovar as esperanças de conseguir se recolocar no mercado de trabalho, principalmente após um ano caótico como 2020. Somente entre os meses de março a junho, Pernambuco fechou mais de 68 mil vagas de emprego formal, de acordo com o Caged. Mesmo que o Estado tenha apresentado recuperação nos meses seguintes, o saldo entre admissões e desligamentos é negativo em 5.163 vagas em 2020. Ou seja, muita gente ainda está buscando uma oportunidade.
Assim como milhares de pernambucanos, Joelma Caetano foi demitida durante a pandemia após 10 anos trabalhando para uma empresa do ramo de comércio. Sabendo da dificuldade em encontrar um emprego, decidiu investir em si mesma. “No comércio eu trabalhava de domingo a domingo, então eu não tinha tempo para estudar. Quando eu fui dispensada, decidi arriscar para conseguir um futuro melhor. Então eu peguei o dinheiro da rescisão e entrei no curso de mecânica industrial do Senai”, contou Joelma.
Ainda desempregada, Joelma espera conseguir um emprego em breve para administrar os estudos com as contas de casa. Mas, enquanto isso, coloca a educação como prioridade. “Eu acredito que o que abre portas é a educação. No começo é difícil conciliar sua rotina com o ritmo de estudos, mas é algo fundamental para o crescimento profissional. As pessoas têm que parar de se limitar e passar a investir em si mesmas, porque é só assim que se alcança os seus objetivos”, declarou.
Em um mercado de trabalho cada vez mais disputado, a qualificação profissional, como a que Joelma está buscando, se torna um diferencial na hora de conquistar um emprego. O processo seletivo na Dibasa Elevadores é um exemplo. “Por existir o risco com a vida, precisamos ser bem rígidos no processo de seleção. Então exigimos o mínimo de cursos para poder contratar o profissional. Logo, quanto maior a qualificação, maior a chance de contratação”, explicou o diretor da empresa, Eduardo Costa.
Além de buscar qualificação profissional, outra atitude importante enquanto procura um emprego é cuidar da saúde mental. A vendedora Julyane Cunha enfrentou esse problema quando estava atrás de uma oportunidade. “Em 2019 precisei me ausentar do mercado de trabalho para cuidar do meu filho que nasceu com uma doença rara. Em abril de 2020, voltei a procurar emprego, mas não era chamada para nenhuma entrevista. Apenas em novembro eu consegui ser contratada”, explicou Julyane, que atualmente trabalha na Collare Moda Feminina.
A demora para contratação aliada à necessidade em pagar as contas fez com que o período de busca por emprego abalasse o seu psicológico. “Nesse momento era desespero total, porque estava faltando as coisas dentro de casa e não conseguia nada. É uma pressão psicológica muito grande, a gente fica tenso até mesmo quando aparece uma entrevista. A ansiedade estava tão grande que eu não conseguia dormir direito”, disse a vendedora.
Para diminuir essa ansiedade, algumas mudanças de comportamento são fundamentais. “Procurar por um trabalho requer muita determinação. Então é relevante você transformar essa busca no seu trabalho temporário, ou seja, se organize, estabeleça horário fixo para buscar vagas, para treinar para suas entrevistas e para dormir e acordar. Sempre tente estabelecer uma rotina, pois isso vai ajudar com que você esteja mais focado. Tudo isso, consequentemente, ajuda a diminuir os níveis de ansiedade e estresse”, explicou a psicóloga Giovana Capuano.
Para quem deseja conseguir um novo emprego, como Julyane, é necessário se manter informado do que acontece no mundo. “A gente tem visto nos processos seletivos a preocupação das empresas em ter profissionais com conhecimento mais amplo, para além das suas especialidades. Então o aumento no repertório é fundamental para quem está no processo de recolocação. E esse repertório é adquirido com a leitura e contato com informações adequadas, por exemplo”, afirmou Simony Braga, advogada especialista na área de Direito do Trabalho e Relações Sindicais do escritório Da Fonte Advogados.
O ambiente digital pode ser um importante aliado na busca por uma oportunidade de emprego. Redes sociais como o Linkedin ajudam as pessoas a divulgarem o seu portfólio e suas experiências à uma gama muito maior de contratantes. Elas também são importantes para aumentar a rede de contatos, que ajuda bastante na busca por recolocação no mercado. Além disso, essas redes facilitam na identificação de vagas disponíveis.
Quando surge uma oportunidade, o primeiro passo é enviar o currículo para a empresa. Ele é o cartão de apresentação do profissional. Por isso, é fundamental que contenha algumas informações. “Não pode faltar no currículo as competências e habilidades do profissional, indicando quais os seus pontos fortes. Também deve conter as informações referentes às suas experiências e trajetória profissional, deixando muito claro os marcos temporais e as atividades desempenhadas em cada cargo. É importante inserir as referências profissionais e, de forma bastante resumida, qual a sua pretensão e objetivo para o exercício daquela função”, analisou Simony Braga.
O currículo deve conter uma linguagem clara e objetiva, e o trabalhador deve estar atento para selecionar o que é atrativo na sua trajetória profissional para não enchê-lo com informações desnecessárias. Uma dica é colocar os cursos feitos em instituições mais renomadas. Também é importante adaptar o currículo de acordo com a empresa e a vaga disponível, ou seja, customizar seus objetivos conforme a oportunidade. Outro conselho é inserir sua rede social profissional, pois amplia o acesso da empresa às suas informações.
Após a triagem dos currículos, as empresas convidam o profissional para participar da entrevista de emprego. “Nessa última etapa é indispensável que o trabalhador mostre ao seu futuro empregador que ele tem conhecimento, segurança e técnica necessária para executar as atividades do cargo que está sendo oferecido. Também é importante demonstrar que tem a habilidade necessária para trabalhar muito bem em grupo. Isso é fundamental a ser demonstrado no primeiro contato com a empresa”, finalizou Simony Braga.
Folha de PE / Imagem: Reprodução
