InícioAraripina em FocoEm tempos de crise, planejamento financeiro é fundamental

Em tempos de crise, planejamento financeiro é fundamental

QBomBom
Você já ouviu falar na
expressão “bola de neve” em termos financeiros? Ela é geralmente usada por
economistas em situações de endividamento onde, com gastos maiores que a renda,
um consumidor acaba recorrendo ao cheque especial e ao crédito rotativo do
cartão de crédito (pagamento mínimo) como complemento do orçamento mensal.
Neste caso, a chance de sair do vermelho fica cada vez mais distante, uma vez
que vivemos um período com taxas de juros anuais de 304,03%, no cartão, e de
242,23% no cheque especial. A dívida se torna, literalmente, interminável.
Existe, porém, um caminho que serve como prevenção aos que já estão e aos que
querem evitar essa situação: as reservas financeiras. Para obtê-las, a receita
é evitar desperdícios, cortar gastos, ter metas, saber separar as dívidas e
começar a economizar já.
“Muita gente reclama de
dívidas ou de falta de dinheiro para tocar projetos, mas poucos têm coragem de
realmente mergulhar nas suas próprias contas e identificar os gastos
essenciais, os supérfluos, os desperdícios”, comenta o gerente de investimentos
do Santander, Leandro Loiola. Para ele, nessa análise é comum encontrar
desperdícios ou itens que podem ser cortados e representem até 20% do
orçamento. “Se você prestar atenção, vai encontrar gastos desnecessários na
feira, com a conta de energia e até com objetos que você compra e não usa”,
completa.
Feita a faxina, é hora de
começar a primeira reserva, chamada de emergência ou de curto prazo. “Essa
reserva é essencial. Ela deve corresponder a três meses de salário líquido e
pode ser obtida com uma fórmula simples: por um ano e meio você junta 10% do
seu salário e um décimo terceiro. Não é difícil.”
Para o professor de economia
da Faculdade Boa Viagem Antônio Pessoa, para quem tem filhos, essa reserva deve
representar seis salários líquidos. “Como estamos em um ano de crise, o ideal é
juntar mais dinheiro”, ressalta. Na tarefa, o professor tem dicas valiosas como
congelar o cartão de crédito, parcelar o mínimo possível as compras e buscar
renda extra. Uma vez reunido, o valor deve ser investido na poupança. A
prioridade é liquidez e baixo risco. “Quem ultrapassar esse passo pode começar
a segunda reserva”, afirma.
Mas se engana quem pensa que
essa etapa é para comprar a casa própria. A segunda reserva mais importante é a
de longo prazo, mais conhecida como aposentadoria complementar. “Antes, comprar
um imóvel era mais vantajoso e essa era a segunda reserva ideal. Nos tempos
atuais, ganha mais quem investir na previdência privada, uma vez que os juros
de financiamento da casa própria são os menores do mercado”, ressalta Pessoa.
Leandro Loiola concorda e
ressalta que não adianta contar com a previdência social. Dados do IBGE mostram
que até 2050 o Brasil terá 0,7 contribuinte para cada aposentado. Desse jeito,
os fundos federais deverão se esvaziar. “Quem quiser garantir 20 anos de
aposentadoria recebendo mensalmente o valor do último salário, precisa juntar
10% do salário dos 25 aos 65 anos. O ideal é começar com 20 anos. Mas a maioria
dos brasileiros só inicia seu plano complementar aos 40. Esses, vão precisar
economizar mais.” Aqui, o foco não é liquidez, mas rentabilidade e benefícios
fiscais, logo o dinheiro pode ser investido em um plano PGBL ou VGBL, que são
os tipos de previdência complementar.

“Por fim, é hora de
programar a reserva para projetos, ou de médio prazo. Ela serve para dar
entrada na casa própria, num carro novo, fazer uma viagem, ou mesmo sem
objetivo definido”, ressalta Loiola. Para investir, valem títulos públicos do
Tesouro, fundos de DI e até fundos diversificados. “O importante disso tudo é
obter equilíbrio financeiro e, consequentemente, maior qualidade de vida.”
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
RELACIONADOS