Batizada de Custo Brasil, o novo desdobramento da Operação Lava Jato deflagrado esta manhã em São Paulo atinge também Pernambuco. No Recife, foram detidos o advogado e empresário Emanuel Dantas do Nascimento e o empresário Joaquim José Maranhão da Câmara, ambos sócios da empresa Consulcred, especializada em empréstimos. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos bairros de Boa Viagem, Jaqueira e no escritório da empresa, na Ilha do Leite, onde foram apreendidos dois HDs e um notebook, além de planilhas de empréstimos consignados. Os suspeitos devem chegar a capital paulista ainda esta tarde.
De acordo com o superintendente de comunicação da Polícia Federal, Geovane Santoro, “essas pessoas estão sendo investigadas por crimes relacionados a propinas ligadas ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, mas os detalhes mais aprofundados só poderão ser relatados pelos investigadores em São Paulo, onde a operação está sendo conduzida”, explica. O superintendente também enfatizou que, em Pernambuco, as ações foram concluídas.
Além de Pernambuco e São Paulo, também há ações no Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Ao todo, estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão – entre eles, uma busca na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), na capital paulista – e 14 mandados de condução coercitiva, todos expedidos, a pedido da Federal, pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Paulo Bernardo, ex-ministro do governo Lula, também foi alvo de mandado de prisão.
Há indícios, de acordo com a PF, de que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado.
“Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no MPOG por meio de outros contratos – fictícios ou simulados”, afirma a PF em nota.
O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para que a documentação arrecadada na 18ª fase da Lava Jato, conhecida como Pixuleco II, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.
Os investigados responderão, de acordo com suas ações, pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de dois a 12 anos de prisão.
Os presos e o material apreendido na ação serão encaminhados à sede da Polícia Federal em São Paulo. As pessoas conduzidas de forma coercitiva serão ouvidas nas instalações da PF mais próximas dos locais em que forem encontradas.