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Estudante cega ensina outras crianças a usar o sistema de braile em Petrolina, PE


Nesta segunda-feira (04), é celebrado o Dia Mundial do Braile. Esse sistema de escrita e leitura, desenvolvido para pessoas cegas ou com baixa visão, transformou a vida da estudante Vitória Evelyn de Moura, de 14 anos, que já nasceu sem enxergar. Desde que entrou no curso, aos dois anos de idade, Vitória tem melhorado a leitura a cada dia.

“Se eu não tivesse o braile ,não teria chegado onde estou hoje”, destaca a menina.

O braille é um sistema de escrita que utiliza o tato para a leitura. Foi criado há cerca de 200 anos na França, por Louis Braille e chegou ao Brasil em 1854, com a ajuda do professor José Álvares de Azevedo, o patrono da educação de cegos no país.

A mãe de Vitória, Adriana de Moura Barros, disse percebeu o interesse da filha em aprender mais sobre o sistema logo cedo. Com a ajuda do irmão, Adriana conseguiu entrar em contato com uma professora de braile para que a menina pudesse aprender. “No início achei muito complicado, mas ela me ensinou e me ajudou muito com Vitória”, destaca a mãe.

Adriana conta que precisou mudar Vitória de escola várias vezes por falta de instituições adaptadas a esse tipo de sistema. Na escola Júlia Elisa Coelho, onde estuda atualmente, a adolescente está bem adaptada e bastante envolvida.

A professora de braile, Ivana Britto, considera o ensino do sistema um grande desafio. Ela alerta que os alunos podem acabar sendo prejudicados pela falta de preparação e estrutura das instituições. “Muitas vezes o professor não tem a capacitação e nem a condição por conta de salas superlotadas e exigências de resultados dos alunos regulares”, lamenta.

Usando sempre seis pontos em duas colunas, o braile permite escrever letras, números e qualquer outro tipo de símbolo necessário. São 64 sinais gravados em relevos. A escrita pode ser feita com um instrumento chamado ‘reglete’, ou nas máquinas em braile. A leitura é realizada da esquerda para a direita.

https://youtu.be/BBL4Iekqeos

“Foi difícil, mas eu consegui. Na reglete de mesa você escreve e tem que virar a folha. Quando ganhei a máquina foi mais fácil porque você vai escrevendo e lendo”, lembra Vitória.

Com a ajuda do sistema, Vitória consegue se expressar e ensinar outras pessoas a aprenderem como ler e escrever usando a máquina de braile. Com um canal no YouTube, a estudante publica vídeos sobre a rotina e ensina outras crianças com deficiência visual.

A estudante pretende ser escritora e ensinar as pessoas que não precisam depender apenas do braile. “Você também depende dos seus estudos. Quero ensinar as pessoas que não gostam de estudar a importância dos estudos na vida”, destaca.

G1 Petrolina / Imagem: Reprodução

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