Logo após a comprovação da sufragação da sua vitória nas urnas em 5 de outubro de 2008, o prefeito eleito Lula Sampaio, à época já petebista, em um discurso memorável numa entrevista a uma das emissoras de rádio local, com sua voz rouca, quase inaudível, embargada e carregada de emoção, devido os dias exaustivos de campanha (uma das mais bonitas que já vimos em Araripina), também mantendo a mesma retórica dos palanques, que se manifesta naquele momento histórico e político para o Município, também acabou de decretar o fim de um “Exército Amarelo”, e o começo de um prenúncio do que seria o seu governo a partir de 1º de janeiro de 2009.
Sampaio ganhou aquela eleição com 22.223 votos válidos (56%), e o seu oponente, Bringel (PSDB), o segundo colocado, mesmo enfrentando um frentão, ainda conseguiu 16.860 votos (43%).
Mas, e o que houve para que aquele Exército Amarelo, que mantinha à sua própria custa a campanha e nutria por Sampaio uma reciprocidade nunca mais vista na história política de Araripina?
Um Exército que comprava todas as brigas quando alguém criticava de forma irônica o “Bota Furada”, o “Lulinha”, que tinha assimilado naquele momento de forma incondicional e passional o amor daquele povo por ele. O Exército Amarelo se doava quando era preciso levantar a bandeira do homem que trazia naquele momento a mesma esperança que brotou agora em 2016.
Esse “Exército Amarelo” quando misturado com parte do “Exército Vermelho” para fazer Sampaio majoritário e vencedor, foi esquecido logo no discurso de vitória. Os soldados vermelhos tiveram a honra de ser ovacionados e contemplados com o nome de “guerreiros” (quem lembra?) quando o prefeito eleito mencionou aqueles que fizeram valer sua vitória.
Nós do “Exército Amarelo” nunca sentamos no governo de Lula Sampaio na janela, com exceção de alguns poucos que participaram da obra que o levou a cadeira de prefeito.
O desfecho do governo desastroso de Sampaio todos sabem como aconteceu. Os primeiros a traí-lo quando mais precisava, foi justamente àqueles que ele colocou na janela da sua administração.
A minha inspiração para escrever sobre um passado que prefiro às vezes nem lembrar, pode provar que o ostracismo dos políticos (no caso do próprio Sampaio), é a causa da arrogância e da soberba quando esses estão investidos de poder e, lembrei inclusive de um antigo vereador que por várias vezes eleito com os votos de populares da conhecida Rua do Padre, subestimou essas pessoas quando conseguiu galgar um posto maior na carreira política. Também desapareceu do cenário político. Nunca mais foi visto e nem cogitado para retornar, por perder força e identidade.
Sinto saudade do “Exército Amarelo”, mas tenho mais saudade dos tempos em que um fio do bigode para cumprir promessas, valia mais do que um TAC.
Foto: Paulo Elias