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Goleiro Bruno diz que ex-policial não matou Eliza, desacredita de provas, fala em ‘combinação’ e põe júri sob dúvida

“Existem várias situações nos bastidores a que vocês não tiveram acesso. Aquela fala minha no dia do júri foi tudo ensaiado. Aquele negócio que eu falei – ‘eu sabia’ [da morte] –, aquilo tudo foi ensaiado; da mesma forma, o Macarrão. Ofereceram um tanto de anos de cadeia que, ‘se você falar isso, você toma tanto, se você não falar, você vai tomar tanto’; A gente já estava havia três anos preso”, disse Bruno ao jornal, em texto publicado nesta segunda-feira (2).

A afirmação do goleiro é que a promotoria negociou também a implicação de outros acusados em troca de uma pena menor. A reportagem do jornal conversou com o advogado de acusação José Arteiro, que foi destituído do caso pela mãe da modelo, Sônia de Fátima Mouro. 

Arteiro demonstrou ter conhecimento de que havia o encaminhamento de um acordo.

“Eu falei com o Macarrão que arrumava uma pena pequena para ele, porque, para um crime daquele tamanho, a pena seria de até 25 anos, mas que, para ele, eu arrumava 15 anos. Aí, essa parte [sobre o acordo] eu não posso falar porque foi um acordo com o promotor e a juíza, entendeu? Eu pedi para [a juíza]. E, finalmente, nós fomos ao julgamento, e o Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão”, disse o advogado, que foi destituído pela mãe da modelo no quinto dia de julgamento.

O promotor do caso foi Henry Wagner Vasconcelos de Castro, enquanto a juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes presidiu o júri popular.

Macarrão foi condenado a 15 anos, Bruno pegou 22 anos e três meses (atualmente cumpre prisão domiciliar) e Bola, 22 anos. Este último foi condenado pela morte da modelo e também pela ocultação do cadáver da jovem (até hoje o corpo dela não foi encontrado).

“Até que me provem o contrário, para mim, o Bola é inocente. Nesse caso, ele é. Quero avaliar a prova que liga o Bola a esse assunto. Não tem. Foi muito mais naquela época lá, que tinha que condenar, quando o Macarrão falou no júri que o ‘Bruno agora é o mandante, agora fecha. O Bola é o executor’. Tá, ele é o executor, prova isso. Prova também que eu sou o mandante”, disse Bruno na entrevista ao jornal “O Tempo”.

“Não conheço ele de lugar nenhum, nunca vi o Bola na minha vida. Todos os amigos que eu tinha eu sempre registrei, sempre estiveram nas minhas fotos, uns conhecem os outros, mas o Bola não conheço. A meu ver, pelo que eu já ouvi de história, é muito mais perseguição do que ele nesse caso”, acrescentou sobre Bola.

Bruno afirmou que Macarrão foi o responsável pela morte de Eliza Samudio e que somente ele poderia esclarecer o que aconteceu.

“Acho que ele deve isso para a sociedade. Se ele foi a última pessoa a estar com a Eliza, por que ele não fala onde ela está então? Fala o que aconteceu realmente com ela. Não o que ele falou lá no júri, porque o júri é mentira”, disse Bruno.

Vale lembrar que Bruno revelou no tribunal uma conversa com Macarrão e um primo sobre a modelo. “Perguntei pra eles ‘poxa, cadê a Eliza? Pelo amor de Deus, o que vocês fizeram com ela?’. Macarrão falou: ‘Eu resolvi o problema. O tal problema que tanto te atormentava’”, disse o goleiro no julgamento, em 8 de março de 2013.

“Falei com ele ‘Macarrão, pelo amor de Deus, cara, o que você fez? Por que você fez isso? Não tinha necessidade, não, cara’”, disse Bruno no mesmo dia.

Dez anos de um mistério

Foi em junho de 2010 que a modelo Eliza Samudio foi convidada para passar o fim de semana no sítio de Bruno, na cidade de Esmeraldas, interior de Minas Gerais, e desapareceu. Até aquele momento, ela já havia procurado a Justiça em outubro de 2009 dizendo ter sido agredida pelo goleiro e coagida a fazer um aborto.

Eliza dizia estar grávida do então goleiro do Flamengo. O menino nasceu em fevereiro de 2010 e desde a morte dela está sob a guarda da mãe da modelo.

A investigação sobre o caso apontou que a Eliza Samudio foi levada de Esmeraldas para Vespasiano, outra cidade mineira, onde foi estrangulada. Ação teria envolvido Macarrão e Bola. Depois de morta, o ex-policial teria sido o responsável por ocultar o corpo, jamais achado.

Desde julho de 2019, Bruno passou a cumprir regime semiaberto domiciliar após ter cumprido o tempo necessário para progressão da pena, conforme a Lei de Execuções Penais (LEP). Em agosto, chegou a assinar com o Poços de Caldas para jogar a terceira divisão do Campeonato Mineiro. 

Não chegou a ficar muito tempo. Rescindiu em outubro do ano passado, com dois meses de salários atrasados e apenas 45 minutos jogados.

Antes, em 2014, quando ainda estava preso, o goleiro chegou a assinar com Montes Claros, mas a CBF não legitimou o acordo que seria válido até 2019. Já em 2017, ao conseguir um habeas corpus, assinou com o Boa Esporte. Chegou a fazer cinco jogos até o Superior Tribunal Federal revogar sua soltura.

ESPN / Foto: Reprodução

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