Professor há 18 anos, Nicácio Belfort encontrou na literatura infantil uma maneira de combater o racismo. Em outubro, ele lançou o livro ‘João e o Cabelo Mais Lindo do Mundo’. A obra, que foi escrita há três anos e conta a história de um menino negro que não aceitava os cabelos crespos e era vítima de preconceito, foi baseada na vivência do educador na sala de aula, no município de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco.
“Meninos e meninas que tinha o cabelo crespo e não aceitavam seu cabelo. Eu via a reclamação deles, muitos sofriam bullying. Por isso, o intuito principal do livro”, afirma professor Nicácio, de 38 anos.
No livro, o menino João passa a ter orgulho de suas características após ser inscrito por um amigo em um concurso, onde recebe o título de cabelo mais lindo do mundo.
Segundo o professor, a ideia do livro é mostrar às crianças pretas que elas podem ser protagonistas, além de estimular o autoconhecimento e a aceitação. “A questão da representatividade. Não tem muitos heróis pretos, protagonistas de histórias, em livros, filmes”, diz.
“Quando uma criança preta pega um livro desse e vê que o protagonista é parecido com ele, sofre as mesmas coisas que ele, mas ele tem a reviravolta, isso fortalece a questão do antirracismo”.
O livro tem 20 páginas. Além de acompanhar a história do menino João, os leitores podem interagir com a obra. “É bem interativo. Tem adesivo, máscara para recortar, jogo dos sete erros, pintura. É um livro para brincar com a família. Um tema sério, mas super lúdico”, afirma Nicácio Belfort.
Casado e pai de Benjamim, de 5 anos, e Lucas, 1 ano, o professor conta que a história do livro fez sucesso com os filhos. “Meu mais velho tem 5 anos. Ele lê e ficou muito feliz com história. Coincidentemente, [o protagonista do livro] parece com o meu mais novo, que tem o cabelo cacheado”.
Além do sucesso em casa, ‘João e o Cabelo Mais Lindo do Mundo’ está rompendo barreiras. “Tomou um alcance que eu nem imagina. No Brasil todo, já mandei livro para fora do país. Eu fiz uma pré-venda e vendi quase a primeira edição toda”, comemora Nicácio.
O livro, que custa R$ 49, incluindo o valor do frete, pode ser adquirido nas redes sociais, onde desde o nascimento do primeiro filho o professor Nicácio mantém uma página onde compartilha os desafios da paternidade. Com quase 30 mil seguidores, ele mostra a rotina com os filhos e divide alegrias, angústias e dicas com outros pais
De acordo com o professor Nicácio, parte do lucro com a venda dos livros vai para o projeto social Fazendo o Bem, que atua no interior de Pernambuco.
G1 Petrolina / Imagem: Reprodução