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Josafá Reis: “A Lenda do Rádio Araripeano”

Em julho de 2018, gravamos uma conversa descontraída como o ícone do rádio na Região do Araripe, Josafá Reis, e neste diálogo a história do rádio e os primeiros passos da sua vinda como pioneira no Araripe é esmiuçada de forma minuciosa por nosso querido “Josa”.

Josafá iniciou como radialista na Rádio Grande Serra AM logo assim que o veículo se instalou na cidade de Araripina, Sertão do Araripe, em junho de 1982, sendo também, a primeira e pioneira na região. A emissora pertencia ao Grupo Coelho de Petrolina.  O veterano ícone acredita que contribuiu bastante para o desenvolvimento do município com o advento de meio de comunicação e lembra com saudosismo os tempos áureos e gloriosos de uma emissora que traduzia e anunciava as boas novas para o sertanejo.

Os programas “Brasil Sertanejo”, “Chora Coração” e “Forró de Pé de Serra” compunha a grade de programação e Josafá lembra que a grande audiência se dava através das cartas enviadas pelos ouvintes. O programa aos domingos apresentado pela lenda do Rádio Araripeano, recebia mais de mil cartas por mês e ele relata que como não era veiculado comerciais aos domingos e o programa “Chora Coração” ficava no ar das 7h às 12h, dava para atender a maioria dos ouvintes. Em sequencia para animar o domingo o “Filho do Brega”, “Toca tudo do Povão” e o “Aniversariantes do Dia”, complementava a programação.

O mestre Josa fala das curiosidades que aconteciam naquele época em que o rádio estreava de forma singular para entretenimento que era novidade principalmente para o sertanejo aqui do Araripe. O ouvinte quando enviava uma carta para ser lida em seu programa , literalmente chegava às mãos do comunicador fixada com grude e perfumada com cashmere bouquet.

Os tempos de ouro do rádio eram mágicos e faziam com que as pessoas tivessem admiração e adoração pelos radialistas que viravam ídolos principalmente para as pessoas mais simples da zona rural, onde as frequências das ondas sonoras alcançavam. O depoimento do grande mestre da locução explora essa época com muito saudosismo e diz que a audiência do rádio assim que ela se instalou em Araripina e expandiu-se por toda região, era pelo motivo dos programas e da programação serem voltados de forma especial para o povão.

Reis também enfatiza que o primeiro gerente que aqui se acampou para gerir a Grande Serra AM, veio lá de Juazeiro da Bahia e chamava-se Paulo Ribeiro. Confessou que as pessoas adoravam visitar as instalações da rádio, principalmente o estúdio e faziam procissão em frente ao prédio para também tietar os comunicadores.

Josa frisou que a maioria dos radialistas que trabalham em outras rádios no Araripe, iniciou suas atividades na área de comunicação, tendo a Grande Serra AM como porta de entrada e espaço de estágio para que esses profissionais desenvolvessem suas habilidades. A emissora foi a oportunidade para muitos que se destacaram a exemplo de Carlos Lima (In memoriam) que até sua morte prematura, era gerente da Arari FM, Eridam Bem, Fredson Paiva, Rivaldo Araújo e Adalberto Pereira (que hoje residem no Distrito Federal), Chico Fernandes, Fábio Moreno, Miguel Pedroza, Nelson Lopes, José Ramos, entre tantos outros.

Saudosismo

Para Josafá Reis em se falando de Rádio, certas coisas deveriam voltar ao passado e ele refere-se a humanização, mesmo entendendo que a parte financeira é muito importante, mas para haver um equilíbrio é preciso manter essa proximidade com o ouvinte e que é ele o responsável (assim como as redes sociais precisa do internauta) por atrair as empresas que precisam dos serviços das emissoras para divulgarem os seus produtos e atrair clientes. Se não tem ouvintes, não tem clientes.

Lembrando dos muitos artistas que ajudou e considera entre eles Cacá Lopes (Edvaldo Lopes) um amigo (que também foi funcionário da Grande Serra) Josafá citou o nosso conterrâneo que foi um desses que tinha vocação artística que divulgou nos seus programas, entre outros impulsionados pela grande audiência daquele tempo.

Lembra de quando já era apaixonado pela comunicação jovem ainda quando trabalhou com serviço de alto-falantes, no sistema sonoro de Araripina – uma rede de fios interligado que rodeava o comércio -, de propriedade de um senhor chamado Itamir (que trabalhava no Banco do Brasil).

Finalizou falando dos noventa anos da nossa querida Araripina e, destacou os avanços significativos que transformara esta terra na Princesa do Sertão do Araripe.

Damião Sousa, Josafá Reis e Everaldo Paixão

Por Everaldo Paixão/Fotos: Arquivos

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