InícioAraripina em FocoMorre Bellini, capitão do 1º título mundial do Brasil

Morre Bellini, capitão do 1º título mundial do Brasil

Hideraldo Luiz Bellini morreu aos 83 anos, após lutar por dez anos contra o mal de Alzheimer

 / Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Capitão do Brasil na Copa de 1958, quando a seleção
conquistou o primeiro dos seus cinco títulos mundiais no futebol,
Bellini morreu nesta quinta-feira, aos 83 anos, após lutar por dez anos
contra o mal de Alzheimer com a mesma bravura com que apresentou nos 21
anos em que esteve nos campos de futebol. Ele estava internado no
Hospital Nove de Julho, em São Paulo, desde a última quarta. 

Na nublada tarde de 29 de junho de 1958, em Estocolmo, Hideraldo Luiz
Bellini, capitão da seleção, eternizou o gesto de erguer a taça, após a
conquista do primeiro título mundial do Brasil. A pequena Jules Rimet
de apenas 30 centímetros de altura e quatro quilos de peso foi levantada
sobre a cabeça com a determinação de um dos jogadores mais raçudos da
história do futebol brasileiro. 

Naquele momento histórico veio a cabeça do defensor uma série de
coisas, como a Copa de 1938, perdida pelos geniais como Domingos da Guia
e Leônidas da Silva, a infância vivida na pequena Itapira, a derrota
doída no Maracanã na final da Copa de 1950, diante do Uruguai, o técnico
Flávio Costa, que o incentivou a jogar sempre sério, e os 60 milhões de
brasileiros que exigiram muita força daquele raçudo zagueiro.

Seu estilo rude e eficiente foi incentivado nos times nos quais atuou
– Vasco, São Paulo e Atlético-PR. “Jogar bem, você não sabe. Trate de
despachar a bola e deixe que seus companheiros façam as jogadas”, disse
Flávio Costa, técnico vascaíno em 1952. “Quando o senhor resolver
escalar este rapaz, por favor, me avise para que eu não vá a campo”,
cansou de dizer Ciro Aranha, que assumira a presidência do clube de São
Januário. “Então é melhor o senhor ficar em casa no domingo”, rebateu
Flávio Costa, ao se recusar a colocá-lo no banco de reservas de uma
equipe supercampeã, base da seleção brasileira, e que reunia lendas como
Barbosa, Danilo e Ademir de Menezes.

Líder nato, foi escolhido de forma unânime pelo elenco como o capitão
do fantástico time de 1958, superando um mestre como Nilton Santos, o
estilista Didi e uma brilhante promessa como Pelé. “Levanta e vamos
jogar”, disse Bellini a Mazzola, que sofria com fortes cãibras no jogo
contra a Áustria. Nem o companheiro de zaga, Orlando Peçanha, de estilo
clássico, era poupado de críticas, ao se exibir e tocar de letra dentro
da área. “Para com isso, moleque!”, dizia.

Em 1964, pelo São Paulo, não concordou com o toque de bola excessivo
dos companheiros, que “humilhavam” o adversário. Acabou com a festa dos
companheiros dando um bico para as arquibancadas. Nem mesmo quando
atuava pelo Milionários, equipe que reunia veteranos célebres na
Colômbia, Bellini deixou de lado a seriedade em campo. Brigou com
Dorval, ex-ponta direita do eterno Santos de Pelé, por ele ter dado uns
golinhos antes de um amistoso.

Em 1990, passou a ensinar sua determinação para 200 garotos de 10 a
16 anos, em uma escolinha de futebol da Prefeitura de São Paulo no
bairro do Ibirapuera. “É bom trabalhar com a criançada” disse, feliz da
vida. O zagueiro campeão do mundo de 1958 foi o décimo primeiro de 12
filhos do carroceiro imigrante italiano Hermínio Bellini e também se
sagrou campeão mundial em 1962, na Copa realizada no Chile.

Fonte (jornal do commercio)

Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
RELACIONADOS