O PSB de Paulo Câmara se coloca hoje como um partido autêntico e quer demonstrar essa autenticidade tentando pregar um discurso de “volta às raízes” que diz defender um espectro ideológico de centro-esquerda. Mais ou menos isso que chamamos de social-democracia com origem no socialismo.
Pois bem. O PSB criou restrições para os deputados filiados ao partido que votaram na primeira denúncia a favor de Temer e pode perder de 12 a 18 dos 36 deputados socialistas, mais ao mesmo tempo se alia ao PDT de Carlos Lupi, ex-Ministro do Trabalho do governo Dilma Roussef (PT), que além de fanfarrão e falastrão foi denunciado como operador de esquema de cobrança de propinas a organizações não governamentais (ONGs). O PDT de Lupi ganha notoriedade no Governo Socialista em Pernambuco e agora está no controle da pasta da Agricultura com o indicado – Wellington Batista e, ainda indicará nomes para os cinco órgãos vinculados à pasta: Ipa, Prorural, Adagro, Iterpe e Ceasa. Não consigo entender que lisura é essa que prega o PSB quando abomina a ideia de distância com o PMDB de Jucá, de Temer e agora de Fernando Bezerra Coelho, e tenta se apoderar de um naco do partido no Estado, ainda sobre o controle de Jarbas e de Raul Henry e se alia logo ao PDT de Lupi. São coisas mesmo da nossa política sórdida que a cada dia é um emaranhado de “pseudos-moralistas”. Não seria mais simples Jarbas e Henry migrar para o PSB já que o clima peemedebista não é mais atrativo para eles. Muitos simples: a briga é por tempo no horário eleitoral e claro, verbas do fundo partidário, e não tem nada a ver com ideologia partidária.
Para completar a baboseira ideológica de que o PSB deve voltar às origens dos tempos áureos de “Doutor” Miguel Arraes e do ex-governador Eduardo Campos (morto em um acidente aéreo em 2014) o partido que tanto fez oposição ao Governo de Dilma Roussef, agora tenta uma nova simbiose ou um novo casamento com juras de fidelidades aos pés do onipotente com o PT do senador Humberto Costa e do ex-prefeito João Paulo, que nas eleições passadas apoiaram o senador Armando Monteiro (PTB) para o governo do Estado. Monteiro continua na oposição ao PSB em Pernambuco e deve se juntar ao grupo de oposição que ainda não tem um nome definido para liderar, mas que pode ser fortalecido com os Ministros da Educação, Mendonça Filho, o Ministro das Cidades, Bruno Araújo, o Ministro das Minas e Energia, Fernando Filho e o Ministro da Defesa, Raul Jungmann. Vai ser uma máquina confrontando com a outra, isso claro, com a expectativa de que Temer se livre da segunda denúncia.
“Me misturo com cobras mais não sou cobra”. O termo cai bem no PSB, que tenta como proverbial entusiasta da ordem e do progresso dos paradigmas alcançados pelos governos de Arraes e Campos em Pernambuco, com simpatia de uma parcela da população ainda dominada por esse modelo, se manter intocável e como monarquia das terras dos altos coqueiros, e com outra, que clama por mudança e alternância no poder, mesmo que os podres dos frutos dessa nossa política desacreditada, esteja contaminando a mesma árvore.
Seja Armando Monteiro, seja Fernando Filho (o nome mais provável), seja Mendonça Filho, Bruno Araújo, Marília Arraes (que tem ocupado o seu espaço), o que Pernambuco precisa são de nomes, vários nomes, disputando o Palácio do Campo das Princesas, e não se render aos caprichos de uma “Monarquiazinha dos Campos”, que nitidamente aparece encapada por um ex-técnico do Tribunal de Contas, que parece, só parece, manobrar uma política comandada por uma matriarca régia que atua no subterrâneo e que decide e tem o controle de tudo.
Vamos continuar sendo os súditos da rainha neste pedaço da República (Presidencialista e Democrática) Federativa do Brasil?
Que me perdoem os maranhenses, mas não queremos ser dominados eternamente pela mesma facção política. Se já não somos.
Everaldo Paixão/Colunista