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‘O PSL não é um partido de direita’, diz idealizador da recriação da UDN

Na busca de um partido originariamente de direita, o advogado Marco Vicenzo tenta meios jurídicos para refundar a União Democrática Nacional (UDN), partido extinto pelo Ato Institucional 2, em 1965. A definição, que fica a cargo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda não tem previsão de ocorrer, mas já levanta o debate.


Em entrevista aoDestak,Vicenzo manifesta respeito ao presidente JairBolsonaro (PSL) e família, mas nega que tenha sido procurado para que a sigla seja acolhida por eles, por enquanto. Ele destaca que “o PSL não é um partido de direita” e que esse posto, que deve considerar as origens, é do partido udenista.  Veja trechos da conversa:

Quais são os principais argumentos para que a refundação da UDN seja possível juridicamente?

É importante destacar a possibilidade jurídica do pedido é em razão da constitucionalidade. Temos batido bastante nessa tecla, porque nós estamos pedindo a anulação da resolução do TSE que foi baseada e fundamentada no AI 2 [de 1965], que na época extinguiu todos os partidos políticos. Essa resolução precisa ser expressamente revogada. Com essa revogação, automaticamente, a UDN poderia voltar para as suas atividades políticas. 

Quando surgiu a ideia para entrar com o pedido de refundação no TSE?
A ideia surgiu devido a essa lacuna política que existe. Nós não temos nenhum partido de direita no Brasil hoje e não tem como falar em democracia sem um partido de direita. A direita está calada no Congresso Nacional. É preciso ter uma partido que defenda e que levante as bandeiras conservadoras, para a gente realmente possa falar em democracia. 

Por que a UDN é o único partido efetivamente de direita no Brasil?
Não existe nenhum outro. Desde a Constituinte, desde a redemocratização não existe nenhum partido originariamente de direita. Com a máxima vênia e com o enorme respeito, o PSL não é um partido de direita. Mesmo que ele queria mudar, mesmo que ele queria reformular todo o seu estatuto e seu programa, não vai ser o partido originariamente de direita. Pode ser que ele vire um Frankenstein, e aí pareça mais uma colcha de retalhos, e consiga, quem sabe, se tornar um partido com o estatuto que precisa pelos ideais de direita. [Já] a UDN, tem um legado histórico de defesa das bandeiras direitistas e conservadora e isso o torna o único partido de direita do Brasil.

Em recente artigo publicado, você afirma que a UDN poderia proporcionar um “futuro político melhor”. O que seria esse futuro melhor?
Seria um futuro em que a democracia seja realmente respeitada e para a gente possa respeitar o Estado democrático de direito, a gente precisa realmente ter esses princípios democráticos muito bem segmentados. É importante destacar, que eu sempre tenho confrontado a respeito sobre a forma de fazer política. Hoje em dia, a política se perdeu. Não digo que ela se perdeu na internet, mas ficou muito viciada em razão dos meios digitais. As pessoas tem feito política pela internet e o relacionamento político se esfriou. Temos que ter todo esse aparato de articulação política – no bom sentido, porque essa palavra foi demonizada. Não se faz política sem relacionamento. 

O que você destaca como um dos principais feitos da história da UDN?
Principalmente a luta contra o comunismo, o antigetulismo, e o que ninguém fala a respeito da ditadura. Existia uma ditadura da época de Getúlio Vargas que não é questionada. As pessoas falam da ditadura militar, mas não falam da ditadura da Era Vargas. A UDN combateu de frente, confrontou toda essa ditadura, que não é falada. 

Há quem diga que a família Bolsonaro esteve interessada no partido, isso procede?

Sobre a especulação em torno da família Bolsonaro, é importante deixar claro que o que eu especifiquei – e foi inclusive em uma entrevista ao O Globo – é que eu vejo como uma via natural a chegada da família Bolsonaro, tendo em vista que não existe nenhum outro partido de direita no Brasil o nosso partido, a UDN, seria ao único. A família Bolsonaro e o presidente da Republica, que levantou as bandeiras direitistas e conservadores, seria mais que óbvio que tivesse esse interesse de vir para o partido. Mas digo isso como algo que eu acredito, e não algo já que aconteceu.

O destake

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