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OS TRILHOS DA ESPERANÇA QUE CORTA O SEMIÁRIDO NORDESTINO

A Ferrovia Transnordestina principalmente no trecho ferroviário do Ramal do Gesso está parada. Um prejuízo enorme para quem sonhava com um futuro promissor.

Por Everaldo Paixão

Em novembro de 2015 o Grande Jornal entrevistou o presidente do Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco – SINDUGESSO-PE, Josias Inojosa de Oliveira Filho, e indagado sobre a Ferrovia Transnordestina, ele foi categórico quando afirmou que em Pernambuco a obra está totalmente parada. Uma perda enorme principalmente para o setor gesseiro que via nos trilhos da ferrovia a esperança para transformar em realidade um sonho que havia sido implantado.

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A falta de transporte mais barato tira a competitividade do gesso do Sertão de Pernambuco (Foto: Everaldo)

A ferrovia já corta vários municípios do Polo Gesseiro

O Ramal do Gesso dos Trechos Ferroviários que cortam os municípios de Petrolina/Salgueiro e Araripina/Parnamirim que seria em verdade parte da Malha Ferroviária do Nordeste para escoar a produção gesseira para o Porto de Suape e diminuir os custos com a logística, o que logicamente aumentaria os ganhos com a produtividade, e que seria sonho de uma ligação férrea do litoral ao semiárido nordestino, perdeu o impulso e desacelerou.

Quem não se lembra da chegada da Construtora Odebrecht no canteiro de obras que se transformou o Distrito de Nascente? Como era difícil na época contratar um pedreiro ou um servente, um encanador, um eletricista, pintor, porque a construtora contratou quase todo mundo na cidade e a mão-de-obra era artigo difícil de encontrar por conta das obras da Ferrovia no trecho Araripina. Hotéis cheios, imóveis supervalorizados, economia local em aceleração, empregos para todo mundo, e de repente dois anos depois, o que se ver é o abandono e o descaso com o dinheiro público, porque parte do investimento nos trilhos hoje sem função nenhuma, além de outros serviços realizados, devem passar por novas reformas, o que serão novos gastos se por acaso a obra for realmente retomada. O canteiro da obra da Ferrovia Transnordestina que mobilizou uma gama de profissionais naquela localidade e que tinha um movimento frenético, hoje parece um deserto o que por consequência também deixou muita gente desempregada.

É mais um capítulo de desesperança em três estados: Pernambuco, Ceará e Piauí. Pelo caminho, ficaram cemitérios de trilhos, uma parte de uma ferrovia concluída na qual passam motos e jumentos, mais de 80 vagões abandonados (em Missão Velha, Salgueiro e Terra Nova), uma fábrica de dormentes desativada, trilhos fixados no barro, entre outros símbolos do descaso.

Com uma extensão de 1752 quilômetros, a Transnordestina deveria ligar a cidade de Eliseu Martins (no Piauí) e aos portos de Pecém, próximo à Fortaleza, e ao de Suape, litoral pernambucano. Desse total, cerca de 600 km saíram do papel.

“Quem já trabalhou em ferrovia sabe que primeiro faz a terraplenagem para nivelar. Depois, coloca os dormentes, a brita e os trilhos que são o acabamento final. Vão ter que fazer tudo de novo, inclusive porque os trilhos também estão empenados”, conta o ex-soldador e auxiliar mecânico, Francisco Figueiredo dos Santos, se referindo ao trecho Missão Velha-Pecém.

A situação é a mesma em Paulistana e Simões, os dois primeiros municípios do Piauí cortados pela Transnordestina.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, defende que a União deveria tomar a concessão da empresa Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) por dois motivos: a falta de compromisso na implantação da Ferrovia Transnordestina e o retrocesso que ocorreu na prestação do serviço ferroviário, que praticamente desapareceu em quatro Estados do Nordeste, incluindo Pernambuco.

Damião Sousa
Damião Sousa
Diretor de Jornalismo e Marketing
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