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Rio Doce (Foto: Daniel Marenco / Agência O
Globo) |
Gerais, Brasil. Barragens de Fundão e Santarém estouram, rompem paredes de
contenção. Tsunami de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos, carregados de
metais pesados, rolaram terra adentro.
gente, bicho, plantas, água, história.
Seca, pavimenta 500 km de solo brasileiro. São 11 mortos/gente contados
até agora. Quantos mais estarão sob o barro seco?
poema de Drummond – tem no nome o rio que faz agonizar: Rio Doce. Ainda não
providenciou contenção da lama. Promete fazê-lo. E também socorrer, indenizar,
pagar multa. Um bilhão paga o estrago?
mortos. 12 novembro, Beirute, 41 mortos, 230 feridos. 14 novembro, Paris, 129
mortos, 352 feridos. Todos civis. A maioria jovens.
califado. Em nome de fé bruta, degola e queima prisioneiros, estupra e
escraviza mulheres, faz de seus fieis bombas humanas, ameaça, aterroriza o
mundo inteiro.
já fez 250 mil mortos – 72 mil civis, 12 mil crianças -, quatro milhões de
refugiados.
estão envolvidos em conflitos armados, contabiliza a ONG IEP (Institute for
Economics and Peace’s). O Brasil é um desses.
Aqui, matamos muitos – tantos quantos nas guerras -, mas aos poucos.
fizeram 62 mortos. No ano passado houve outras 15, de 64 mortes. Ano a ano,
elas acontecem às pencas, sempre nas periferias pobres. Não só em São Paulo.
civis, inocentes e majoritariamente jovens.
estatísticas com eufemismos. “Mortes de
autoria desconhecida” ou “em confronto com a polícia”, significam a mesma
coisa: execuções praticadas pela polícia. Essas que vemos na TV, gravadas em
vídeos de perplexos anônimos.
120, só em SP, onde os matados em confrontos com policiais, até novembro, já
somam 57. Em 2014, foram 853.
dezenas de policiais. Temos milícias e justiceiros, compostas de assassinos com
e sem fardas. A matança nacional bate guerras celebres, como as do Vietnam e a
do Iraque.
declarou-se hoje. Nem padecemos de terrorismo e terroristas oficiais. Apenas
praticamos, com empenho, descaso e impunidade. (Inclusive com espancadores de
mulheres. Deles, na maior cara de pau, diz-se: “são apenas homens
imperfeitos”).
assassinados de Paris. Temos dores e lágrimas pelo descaso com os mortos e com
a tragédia de Mariana.
medo – de muito medo das desumanidades, que chegam cada vez mais perto. De
todos. No mundo inteiro.