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Pastor da Assembléia de Deus é preso por formação de quadrilha

Pastor, radialista, contador
e empresário, Gilmar Antunes Olarte (PP), 45 anos, é o primeiro prefeito de
Campo Grande, ainda que na condição de afastado, a parar atrás das grades na
história da capital. A cidade, que desde a década de 1950, quando o então
prefeito Ari Coelho foi assassinado, vivia calmaria no Poder Executivo, se
depara com turbulência política, que no ano passado resultou na cassação de
Alcides Bernal (PP), e, agora, levou ao afastamento e prisão de seu substituto.
Para o cientista político
Erom Brum, os campo-grandenses vivenciam o tempo em que um adormecido
integrante do sistema político despertou: a população.
“Os políticos podiam tudo. É
como se uma montanha, antes incólume, começasse a ruir. Dentro dessa nova fase
dos nossos Poderes, vamos sofrer, mas pelo menos nós acordamos. O sistema
político tem dois elementos: representantes e representados. Mas sempre
estivemos ausentes”, analisa.
Os clamores contra a
corrupção reverberam na Justiça. Na decisão que deferiu o afastamento de Olarte
em agosto e autorizou a primeira etapa da operação Coffee Break, o
desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva destacou que o dicionário do
cidadão, mas em especial os agentes políticos, deveria começar com o de ética,
palavra mágica de onde decorre “ a observância de todos aqueles princípios
consagrados pela Constituição, como o da moralidade e da impessoalidade”.
Olarte e o empresário João
Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco Construções, tiveram as
prisões decretadas no dia último dia 30 de setembro por Bonassini.
As prisões são
desdobramentos da ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado) para investigar compra de votos na Câmara Municipal.
Olarte é investigado por
formação de quadrilha e corrupção, pois teria se juntado a vereadores,
empresários e terceiros interessados para cassação do prefeito Alcides
Bernal (PP) em março de 2014. O acordo incluiria pagamento em dinheiro e
distribuição de benesses.
A prisão temporária tem
validade de cinco dias. Ele se entregou às 5h15 desta sexta-feira na 3ª
delegacia de Campo Grande, no bairro Carandá Bosque. A unidade tem cela
especial, separada dos demais presos, e “hospedou” em 2010 o então prefeito de
Dourados, Ari Artuzi.
Histórico – Natural de
Aquidauana, Gilmar Olarte tem uma empresa de contabilidade e fundou a
igreja Assembléia de Deus Nova Aliança em Campo Grande.
Ele já foi vereador por dois
mandatos, incluindo-se um período em que assumiu após ser suplente, e eleito
vice-prefeito na chapa de Bernal em 2012. No entanto, logo após a posse, ele
rompeu com o titular da pasta e, conforme denúncia do Gaeco, passou a articular
a cassação de Bernal.
Logo após a posse como
prefeito, em 13 de março do ano passado, Olarte foi alvo de uma operação que
cumpriu mandado de busca e apreensão em sua casa no dia 11 de abril de 2014.
Neste ano, a investigação chegou ao Tribunal de Justiça, que aceitou a denúncia
por corrupção e lavagem de dinheiro.
Olarte também foi denunciado
à Justiça por contratar funcionários fantasmas na prefeitura. Neste caso, a
Justiça decretou o bloqueio dos bens do prefeito afastado para garantir o
ressarcimento dos salários pagos indevidamente a três pessoas.
Ele foi afastado em 25 de
agosto e é suspeito de comandar esquema, junto com Amorim, para cassar o
mandato de Bernal.
Além disso, a igreja
Assembléia de Deus Nova Aliança, de Cuiabá (MT), conseguiu liminar na Justiça
para obrigar Olarte a trocar o nome da sua denominação religiosa. A instituição
diz que ele ingressou na denominação religiosa em 2006, mas foi afastado por
conduta não apropriada em 2009.
No entanto, a igreja do Mato
Grosso só decidiu recorrer à Justiça após o Fantástico, da TV Globo, veicular
em rede nacional a denúncia de que Olarte deu o “golpe do cheque em branco” nos
fieis.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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