Tímido num primeiro momento, Paulo Câmara se mostrou otismista e declarou que estava pronto para a nova missão. O discurso foi compartilhado por alguns aliados do próprio partido que, até certo tempo, também disputavam a indicação para concorrer ao governo. O secretário das Cidades, Danilo Cabral, por exemplo, chegou abraçar Paulo Câmara em vários momentos e brincou com alguns jornalistas que estavam querendo, segundo ele, fazer “intrigas”. O comentário foi referente ao clima de disputa acirrada nas últimas semanas que incluiam Danilo como um dos favoritos.
“O nome de Paulo Câmara para esta eleição não poderia ser melhor. O governador Eduardo Campos, que coordenou esse processo, buscou um nome que unisse e fosse capaz de dar continuidade ao trabalho que vai sendo desenvolvido. Posso dizer que Paulo é um bom candidato, mas também será um bom governador”, comentou Danilo. Uma das ausências mais sentidas foi do vice-governador João Lyra Neto, também do PSB, que estaria magoado por ter sido preterido na escolha do partido. O vice-governador não compareceu ao Baile Municipal e, até o momento, é uma presença incerta no ato que deverá oficializar a candidatura de Paulo Câmara na manhã desta segunda-feira (24), no Recife.
“Ele não me disse que não ia. Eu converso com João Lyra, o governador conversou com ele hoje e eu não sei dessa história de mágoa”, despistou o presidente estadual do PSB, o secretário municipal e Governo, Sileno Guedes. O governador Eduardo Campos não quis falar de política com os jornalistas e disse que resumiria sua fala ao carnaval. O socialista é pré-candidato à Presidência da República. O chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar, manteve uma postura discreta. Não conversou com a imprensa e chegou ao camarote do governo de Pernambuco sem chamar muita atenção. Ele também foi preterido no processo de escolha do candidato e não teria digerido ainda a escolha do colega.
Com a postura parecida com a de Danilo Cabral, o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho demonstrou confiança na vitória de Paulo Câmara. Apesar de ter sido rifado na escolha, até porque Bezerra não escondia de ninguém suas pretensões de disputar o governo, sua presença na campanha este ano será decisiva. Ele
foi escalado dentro do PSB para acompanhar Paulo Câmara durante a campanha nas agendas do interior do estado. Bezerra disse que seu nome foi escolhido para o Senado porque o governador Eduardo Campos precisava de alguém que fizesse dois papéis. Ou seja, um nacional e outro estadual.
“A minha escolha para o Senado envolveu essa questão. O governador precisava de uma pessoa que estivesse nestes dois campos”, declarou. Sobre seu posicionamento em relação ao PT na campanha deste ano, Bezerra adotou um tom mais diplomático. Disse que não tem nada pessoal contra a presidente Dilma Rousseff (PT), mas que a gestão enfrenta problemas administrativos. “Não é nada pessoal contra a presidente, mas o país perdeu o ritmo nos últimos tempos”. Até o ano passado, Bezerra era ministro da Integração Nacional e um dos homens de confiança dos petistas.