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Por que a mídia corporativa omite a notícia da morte de Lucas Gomes Arcanjo?

Por Fábio Lau
Silêncio entre os jornais
da chamada mídia corporativa. Não se abriu espaço para falar sobre a morte,
ainda sob suspeita, do policial civil Lucas Gomes Arcanjo ocorrida por volta de
meio dia de sábado, em sua casa, em Belo Horizonte. Ele foi encontrado enforcado
com uma gravata pendurada no batente da porta. A imagem pode ser percebida por
quem passava do lado de fora. Estranho e suspeito.
Embora fosse ele um
adversário feroz dos políticos tradicionais mineiros, a maioria instalada no
poleiro do PSDB, não há prova alguma de que a morte esteja relacionada a
assassinato ou crime de mando. Aécio Neves, o principal alvo do policial civil,
seguido do também correligionário Anastasia…. ninguém fez qualquer
comentário.
Não há dúvida de que neste
ambiente político em que estamos, onde todos são inimigos, adversários e
culpados até prova em contrário – Moro está aí para não nos deixar mentir –
suspeitas, irresponsáveis, recairão sobre agentes políticos. O que não quer
dizer que sejam verdadeiras – ou tampouco mentirosas.
Leia também: Tássia
Camargo não acredita em suicídio de Arcanjo
Policial civil que
denunciava Aécio é encontrado morto em casa
Caberá a polícia, de
maneira imparcial e implacável, investigar. Crimes desta natureza,
especialmente por enforcamento, tem acontecido aos montes na história do
Brasil. Vladimir Herzog, morto na ditadura, foi vítima de enforcamento na
prisão e apontado como suicida.
Há décadas um criminoso
famoso do Rio, Chocolate, envolvido no sequestro de um empresário, também foi
assassinado na cadeia com um cobertor e apontado como suicida. A história, para
quem não esquece dela, tem muito a ensinar.
Arcanjo era um policial
que parecia dedicado a encerrar o ciclo dos mal feitores no ambiente político.
Mas estava longe de ser o anjo que carregava no nome. Com ambição política, era
um sujeito sobre quem não recaiu, jamais, qualquer delito que pudesse macular
seu nome. Era um homem normal, embora muito mais corajoso do que homens normais
costumam ser.
O melhor prêmio à sua
história deveria ser a apuração correta da morte. Ele tomava medicação contra
depressão. Seria ela a indutora do suicídio? Ou estaria servindo para acobertar
um crime político?

A imprensa corporativa já
tomou seu partido. Ignorou o caso como se Arcanjo jamais tivesse existido.
Assim ela faz sua opção nesta história. A defesa do velho modelo que silencia
opositores – às vezes politicamente.

Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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