InícioAraripina em FocoQuase 500 ônibus são depredados em paralisação de rodoviários no Rio

Quase 500 ônibus são depredados em paralisação de rodoviários no Rio

Mobilização terminou às 0h desta sexta-feira, data de nova assembleia.
Prejuízo com ônibus depredados em 2014 foi de mais de R$ 17 milhões

A paralisação de
rodoviários iniciada na manhã desta quinta-feira (8) deixou 467 ônibus
depredados e uma trocadora ferida, segundo a Rio Ônibus. As principais avarias
são quebra de parabrisas, janelas, retrovisores e portas. A área mais afetada
foi a Zona Oeste, incluindo Barra e Jacarepaguá (entenda o impasse que levou à
paralisação).
De acordo com o grupo
de rodoviários que realizou a paralisação, a diminuição da atividade dos ônibus
durante toda a quinta-feira foi feita como uma advertência, e termina às 0h
desta sexta-feira (9). Uma nova assembleia está marcada para as 16h desta
sexta, na Candelária, no Centro do Rio, na qual um grupo de rodoviários irá
decidir sobre uma possível nova paralisação.
Opções de transporte
Mesmo com o previsto
fim da paralisação, metrô, barcas e trens prometem manter o reforço em suas
operações na manhã desta sexta-feira. 
Durante as 24 horas de paralisação, os outros modais de transporte
funcionaram com um esquema especial para tentar suprir a falta de ônibus.
A CCR Barcas registrou
um recorde no transporte de passageiros até as 18h30, na linha que atende
Cocotá, na Ilha do Governador. Nesta quinta-feira, até as 18h30, passaram pela
linha 7.555 passageiros, 130% a mais que o mesmo período de 2013. Tanto a
Supervia quanto o Metrô, em nota, informaram que darão balanços completos sobre
o movimento nos modais nesta sexta-feira.
Prejuízo
De acordo com dados
divulgados pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado
do Rio de Janeiro (Fetranspor) nesta quinta-feira, o prejuízo total com
depredações em ônibus somou R$ 17 milhões: R$ 3 milhões em depredações, maior
número desde 2004, e R$ 14 milhões por gastos com ônibus incendiados.
O consórcio Rio Ônibus
informou que entrou com um pedido no Tribunal Regional do Trabalho para que a
paralisação de hoje, organizada por um grupo de rodoviários, seja considerada
abusiva, devido aos transtornos causados aos trabalhadores e à população.

Tolerância Zero
O governador Pezão,
durante evento nesta quinta-feira (8), disse que o governo do Rio não irá
tolerar depredações a ônibus durante a paralisação dos rodoviários.
“”Quem
depredar ônibus será preso, porque isso é vandalismo e prejudica o trabalhador.
Vamos cumprir a lei. Não vamos tolerar vandalismo no Rio de Janeiro e também
depredação de patrimônio público e privado e nem fechamento de ruas, porque não
podemos atrapalhar as pessoas que precisam chegar a seus trabalhos.”,
disse o governador, durante a inauguração do projeto Maracanã Solar.
O ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, fez coro ao governador do Rio.
“Não tenho duvida de
que situações em que patrimônio público é depredado, em que tenho ônibus
incendiado, que isso é vandalismo. As pessoas têm direito de reivindicar, a
constituição garante o direito de se manifestar, mas não podemos tolerar
vandalismo”, disse Cardozo.

Problemas
Ao longo do dia,
passageiros tiveram dificuldades de encontrar coletivos. Os que circularam
apesar das ameaças — inclusive de homens armados — ficaram superlotados. A
frota que circulava pela cidade era de 24% do número total por volta das 18h.
Uma trocadora da Viação
Acari foi atingida por uma pedra e encaminhada para a UPA de Marechal Hermes.
Por causa dos piquetes, muitos ônibus nem saíram das garagens e os passageiros
esperaram horas nas ruas.
Na Central do Brasil, a
multidão de pessoas que esperava ônibus contrastava com a fluidez no trânsito
das ruas em volta, que só contavam com carros de passeio, táxis e poucas linhas
de coletivo. A greve dos motoristas fez com que muita gente se atrasasse para o
trabalho e outras tantas desistissem de chegar ao destino final.
O G1 conversou com
passageiros de ônibus, metrô e trens e constatou a dificuldade de locomoção no
Centro, até 10h30. O desembarque de passageiros dos trens de diversos ramais na
Central foi muito intenso até o meio da manhã. Por causa da falta de ônibus,
muitos optavam pelo metrô, que também teve dificuldade de lidar com o excesso
de pessoas. De acordo com o Metrô Rio, um acesso da estação Central ficou
totalmente fechado para embarque durante uma hora e meia, entre as 7h e as
8h30.
O acesso bloqueado fica
perto do terminal rodoviário e do centro administrativo do Metrô Rio. O motivo,
segundo a assessoria, foi controlar o movimento por medidas de segurança, já
que essa saída não vende bilhetes.
Para alguns
passageiros, a solução continua sendo utilizar as linhas de ônibus. Lucilene
Teixeira é doméstica e estava há mais de três horas esperando ônibus para
seguir para o Grajaú, na Zona Norte, às 9h. “Cheguei de Nova Iguaçu aqui
na Central e não tem como sair”, disse ela, que do pode acessar seu
trabalho através do transporte rodoviário.
Paula Soares, que
trabalha como auxiliar administrativa, não sabe se volta para casa ou fica pelo
Centro esperando uma solução. “O metrô estava lotado, não conseguia
entrar. Minha filha tem exame marcado em Botafogo e vai perder”, contou
ela, que estava com um bebê no colo, na porta da estação de trens.
Ao lado das pessoas que
esperavam condução, motoristas de ônibus cruzavam os braços. Eles reclamam da
postura do sindicato, que teria negociado reajuste de 10% com a Prefeitura do
Rio, o que para eles é insuficiente.
“A gente quer que
a população entenda o nosso lado. Eu também usei transporte público e eu sei
que está complicado”, disse o motorista Ronaldo dos Santos, que opera a
linha 157 (Central -Gávea), da empresa Vila Isabel. Segundo ele, o atual
salário da categoria beira os R$ 1,7 mil e o objetivo dos motoristas é que o
rendimento passe para R$2,5 mil, cerca de 40% de reajuste.

Além disso, os
grevistas reclamam que muitas empresas forçam a jornada dupla, onde eles
trabalham como cobrador e condutor do veículo ao mesmo tempo. “Eu comecei
como cobrador e depois me convenceram a tirar a carteira D, para ficar também
como motorista. Só que, quando eu comecei a dirigir, acumulei função e ganhei
só como motorista júnior”, disse Fábio Soares, que trabalha na linha 433 (
Vila Isabel – Leblon). 
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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