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Quem manda em Pernambuco é a família Arraes

Os ‘Mísseis de Tonca’ que foram divulgados pelo Blog do Magno Martins e difundidos por parte da imprensa pernambucana, a exceção do Folha de Pernambuco, Diário de Pernambuco, Blog Ponto de Vista, Edmar Lyra, entre outros que tem os seus motivos para não fazê-lo, parte substancial do conteúdo já havia sido exaustivamente denunciado, principalmente pelos sites Macaparana Notícias e  Rede Brasil Atual, além da Revista Época, Isto É, Correio Braziliense… 

Segue os conteúdos na íntegra para que entendamos que uma Dinastia que se instalou em Pernambuco e pretende se manter no poder com o tão sonhado “Bonapartismo”, como se referia o sociólogo José Arlindo Soares, as pretensões do patriarca Miguel Arraes que viu a realização se desfalecer com sua derrota humilhante em 1998, mas que ganhou força e musculatura a partir de 2006, quando o ex-governador Eduardo Henrique Accioly Campos (Morto em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014), chegava ao Palácio dos Campos da Princesa e seria reeleito como o governador mais bem votado do Brasil em 2010, lançando-se candidato à Presidência do Brasil pelo PSB em 2014, ano de sua prematura partida. 
Segue abaixo as duas reportagens que minuciosamente em uma cronologia dos fatos, destrincha o poder da “Oligarquia Campos Arraes” em Pernambuco.

Na quinta-feira (18/02) o Brasil teve mais um exemplo que não deve ser seguido, o governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) nomeou para a Chefia de Gabinete, o jovem João Henrique Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos (in memoriam), e sua irmã Maria Eduarda Campos assumiu um cargo de gerência no Instituto Pelópidas Silveira, pela prefeitura do Recife, governada por Geraldo Júlio do PSB.  E dessa forma a Dinastia dos Campos Arraes, controlada por Renato Campos, que com a ascensão do filho como o jovem deputado mais bem votado de Pernambuco e do Brasil para ocupar uma cadeira na Câmara Federal, ganha ainda mais corpo e para alguns tem se transformado em um monstro terrível que um dia com a redemocratização, as oligarquias do poder plenipotenciário e plutocratas pensamos que iriam ser banidas da nossa sociedade.

Veja toda história em ordem cronológica

Os três, filhos de Miguel Arraes, são Ana Lúcia Arraes de Alencar, Luís Cláudio Arraes de Alencar e Marcos Arraes de Alencar.Ana Arraes é advogada. Deputada federal pelo PSB por dois mandatos consecutivos foi nomeada ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) pela presidenta Dilma Rousseff, em 26 de outubro de 2011.

Luís Cláudio é médico. Em fevereiro de 2011, cedido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), assumiu a chefia do serviço de pesquisa da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras), vinculada ao Ministério da Saúde. O ônus do salário é da UFPE. Luís Cláudio é ainda coordenador do Centro de Pesquisa Clínica do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O Imip, por meio de contrato com o governo de Pernambuco, gere quatro importantes hospitais da rede estadual: Metropolitano Miguel Arraes, Dom Hélder Câmara, Dom Malan e Pelópidas Silveira. Gere também seis Unidades de Pronto-Atendimento – as UPAs de Olinda,  Paulista, Igarassu, Barra de Jangada, Jaboatão Velho e Cabo de Santo Agostinho.

Marcos Arraes, administrador de empresas, também trabalha na Hemobras. Integra a diretoria executiva, ocupando o cargo de diretor administrativo-financeiro. Nos contratos feitos pela Hemobras, assina pela empresa como contratante. É também o presidente-substituto. Faz parte do Conselho Administrativo de duas estatais, participando apenas de uma reunião mensal. Durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, foi chefe do escritório da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), em Brasília. A Finep é instituição vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, comandado de janeiro de 2004 a julho de 2005 por Eduardo Campos.
Renata Campos (esposa de Eduardo Campos) é economista e auditora concursada do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), aprovada quando o concurso era feito pelo próprio tribunal.

Arthur Leal Arraes de Alencar – Filho de Marcos Arraes (Hemobras) e primo do governador. Em 30 de dezembro de 2010 (último dia do primeiro mandato de Eduardo Campos), foi nomeado assessor de apoio técnico operacional da administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (a nomenclatura do cargo é CAA-3), a partir de 1º de janeiro de 2011, ganhando mensalmente R$ 2.159,44 – Arthur tinha na época 18 anos de idade. Era o mais jovem da família na gestão do primo.Carla Ramos Santos Leal — Mãe de Arthur, segunda esposa de Marcos e tia do governador. Desde janeiro de 2009, trabalha como chefe de administração do Palácio do Campo das Princesas. Segundo o Portal Transparência do Governo de Pernambuco ganha R$ 7.308,00 por mês.  Carla é a responsável por gerir a verba de suprimentos do Palácio, apelidada de “caixinha”, recurso legal usado para cobrir pequenas despesas urgentes. O governador Paulo Câmara a manteve no mesmo cargo. Carla começou a fazer faculdade privada de Ciências Contábeis apenas em 2015.

Cyro Andrade Lima – Médico, ex-secretário da Saúde de Pernambuco e sogro do governador. É pai da primeira-dama, cujo nome completo é Renata de Andrade Lima Campos. Desde maio de 2011, integra o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a estatal de água e esgotos pernambucana. Recebe R$ 3,7 mil para participar de uma reunião mensal. O Diário Composiano, publicação dos trabalhadores da empresa, já denunciou o caso. Exerceu cargos em estatais nos 02 (dois) governos Lula sempre para participar de uma reunião mensal.

Ana Elisabeth Andrade Lima (Bebeth) — É  irmã de Renata Campos e cunhada do governador. Médica, com mestrado em Saúde Pública e foi gerente da Política de Saúde do Estado nos 02 (dois) governos Eduardo Campos. Na gestão Paulo Câmara é Secretária Executiva de Saúde de Pernambuco.Rodrigo de Andrade Lima Molina e Marcela de Andrade Lima Molina – São filhos de Bebeth e sobrinhos de Renata e Eduardo Campos.

Rodrigo estava lotado inicialmente na chefia de gabinete do governador desde os seus 23 anos. De 26 a 29 de abril de 2009, viajou para Houston, Texas (EUA), como integrante da comitiva do governo, por solicitação da chefia de gabinete de Eduardo Campos. Em fevereiro de 2011, já gerente de Finanças da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, cujo secretário era Geraldo Júlio, atual prefeito, recebeu poderes para “assinar contratos, convênios e instrumentos congêneres”. Na gestão Paulo Câmara foi trabalhar como Diretor de Planejamento de Pernambuco na Secretaria de Planejamento comandada por Danilo Cabral.

Marcela de Andrade Lima Molina ocupou cargo comissionado de gestora técnica na Secretaria de Governo (salário: R$ 4.651,09). Ela foi nomeada em 7 de outubro de 2011, com data retroativa a 1º de outubro daquele ano.
Segundo o Diário Oficial de Pernambuco de 10 a 26 de março de 2012, a pedido da Secretaria-executiva de Relações Internacionais, da Secretaria de Governo, viajou a Havana para integrar a comitiva do Programa Mãe-Coruja Pernambucana, coordenado pela própria mãe. A Secretaria de Governo não tem relação operacional com esse programa. Na gestão Paulo Câmara está ocupando o cargo de gerente na Secretaria de Desenvolvimento Econômico comandada por Thiago Arraes Alencar Norões.

Aurélio Molina – Médico, ex-marido de Bebeth e ex-cunhado da primeira-dama e do governador. É secretário-executivo de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco desde a primeira gestão de Eduardo, além de lecionar na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco.

Francisco Tadeu Barbosa de Alencar – Conhecido apenas como Tadeu Alencar. É primo de Eduardo Campos. Na primeira gestão de Eduardo foi Procurador Geral do Estado.  No segundo mandato de Eduardo, migrou para a poderosa secretaria da Casa Civil. Também foi membro do Conselho de Administração da Compesa. Em 2014, foi eleito Deputado Federal, cargo que exerce. Seu filho Tomás Alencar – namora com Eduarda Campos (filha de Eduardo e Renata) – trabalha na Prefeitura do Recife junto à Geraldo Júlio.

José Everardo Arraes de Alencar – Ou Everardo Norões, como é conhecido. Poeta, dramaturgo e primo do governador. Segundo o Diário Composiano já integrou o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Desde 2008, preside o conselho editorial da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), para o qual é remunerado assim como os demais integrantes da equipe, como regulamenta portaria de 2008. Após indicação da diretoria da editora estatal, os nomes são ratificados pela Secretaria da Casa Civil. Paulo Câmara o manteve no cargo.

Thiago Arraes Alencar Norões – É filho de Everardo Norões e primo em terceiro grau do governador. Substituiu Tadeu Alencar no comando da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco. Procurador de carreira, ele foi indicado por Eduardo Campos para ser o procurador-geral no segundo mandato, Salário: R$ 29.811,78, segundo o Portal da Transparência do Governo de Pernambuco. No governo Paulo Câmara virou Secretário de Desenvolvimento Econômico, mas abre mão do salário de secretário (16 mil) para receber quase 30 mil como procurador do estado.

Paulo Câmara (Paulo Henrique Saraiva Câmara ) — Governador de Pernambuco e primo em segundo grau  de Eduardo Campos governador. É casado com a juíza Ana Luíza, filha de Vanja Campos, prima de Eduardo. Vanja foi chefe de gabinete de Miguel Arraes durante o segundo mandato, entre 1986 e 1990.Marcos Coelho Loreto, primo de Renata Campos. Desde 2007, é conselheiro o TCE-PE (nomeado por Eduardo Campos). Foi chefe de gabinete de Eduardo Campos nos dois primeiros anos do primeiro mandato. Foi ainda seu assessor especial do Ministério de Ciência e Tecnologia em 2004.

O outro no TCE é o advogado *João Carneiro Campos, irmão de Vanja Campos e primo do governador. Ex-desembargador eleitoral, ele foi nomeado em março de 2011 para o cargo vitalício de conselheiro do TCE-PE.
*João Carneiro Campos, morreu aos 50 anos no sábado, 22/06/2019, na cidade de Gravatá, ocasionado por um ataque cardíaco.

Flávio Rubem Accioly Campos Filho – primo em primeiro grau de Eduardo Campos, trabalhou durante quatro anos no TCE-PE no Governo Arraes. Em janeiro de 2007, poucos dias após Eduardo Campos tomar posse, Flávio foi nomeado para cargo em Comissão de Assessor da Presidência do TCE, mais precisamente secretário da Coordenadoria de Controle Externo do órgão. A seu pedido, segundo o Diário Oficial, foi exonerado a partir de 2 de janeiro de 2012. No dia 03 de janeiro de 2012 começou a trabalhar na Secretaria da Fazenda com o então secretário Paulo Câmara. Desde 2015 trabalha na Secretaria de Administração do Estado.

Seu filho, Flávio Rubem Accioly Campos Neto também ocupou cargo comissionado no governo estadual desde janeiro de 2007. Foram cinco anos nessa condição até que, em 2012, se desligou para disputar uma vaga na Câmara Municipal do Recife. Primo em segundo grau do governador foi assessor da Secretaria Especial de Juventude e Emprego durante o primeiro mandato de Eduardo. Também trabalhou na gerência de redução de danos da Secretaria de Saúde. No governo Paulo Câmara manteve-se na Secretaria de Saúde. O jovem de 30 anos está a quase uma década ocupando cargos comissionados no Estado.

O TCE-PE é um dos tribunais com a melhor remuneração do Brasil. Paulo Câmara, Geraldo Júlio, Danilo Cabral, Milton Coelho e Renata Campos passaram no mesmo concurso. Na época a prova era feita pelo próprio tribunal.Felipe Carreras (PSB) – Felipe Augusto Lyra Carreras – Secretário de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco. Empresário do setor de entretenimento, Felipe Carreras foi secretário de Turismo e Lazer do Recife na gestão de Geraldo Júlio. É casado com uma sobrinha de Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB).
João Henrique Campos – filho mais velho do ex-governador Eduardo Campos e de Renata Campos, estudante de Engenharia trabalhará pela 1ª vez na vida. Assumiu em 2016, aos 22 anos, a Chefia de Gabinete do Governador Paulo Câmara.

Marina e Campos: ‘nova política’, com velhas oligarquias

Enquanto a ex-senadora garante presença ao lado de velhas raposas políticas, em Pernambuco crescem evidências de que o governador mantém o antigo hábito de eleger e empregar parentes

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Campos e Marina, em campanha. Sem constrangimentos por manter hábitos nada novos
A adesão de Marina Silva à frente de reacionários e ressentidos antilulistas – que está virando o PSB em quase toda a sua totalidade – fará a ex-senadora subir no mesmo palanque do pré-candidato a governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), da bancada ruralista. Para aquela que se destacou como ambientalista, seria razoável lembrar que os liderados por Caiado são os que mais estragos provocaram no texto final do Código Florestal, os que mais radicalmente se opõem ao endurecimento das penas por submeter trabalhadores a regime de escravidão etc. Mas Caiado já declarou apoio a Campos, devidamente retribuído, e organiza sua pré-campanha em Goiás.


Os novos parceiros políticos também a colocarão no palanque ao lado de Jorge Bornhausen, por sua vez, o “novo” cacique do PSB em Santa Catarina. E também com o ex-DEM Heráclito Fortes, recém-integrado ao PSB do Piauí, além de várias outras filiações demotucanas exóticas, para um partido que nasceu se dizendo de esquerda e carregando o “socialista” no nome.
Marina parece não se importar e roda o Brasil proclamando a “nova política”, enquanto, do seu lado, o candidato Eduardo Campos prepara sua sucessão ao governo de Pernambuco com uma lista de opções tiradas de seu clã familiar e político. Os três nomes mais cotados por Campos para disputar o poder em seu estado têm algum grau de parentesco direto ou indireto com ele.

Na semana passada, uma reportagem publicada no jornal Correio Braziliense listou cada membro familiar de Campos que está pronto para participar de alguma forma do poder – e do orçamento – de Pernambuco.
O primeiro, segundo a publicação, é o primo de primeiro grau de Renata, mulher do governador, o ex-deputado Maurício Rands, que voltou de uma temporada na África para, segundo ele, ficar “na retaguarda” do governador. Depois de romper com o PT, ele se filiou ao PSB em outubro do ano passado, no limite do prazo legal para ser elegível.
Outro nome que desponta na sucessão pernambucana é o do secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar – além de o filho dele, Tomás Alencar, ser namorado de Duda Campos, filha de Eduardo Campos. As duas famílias são próximas desde a época de Miguel Arraes – o avô de Campos e ex-governador daquele estado. Mas, apesar de serem tratados como primos, a Secretaria de Comunicação pernambucana garante que os Alencar e os Campos não estão na mesma árvore genealógica.

A terceira opção de Campos hoje é o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, casado com uma prima de segundo grau do governador. Seu nome não chega a ser unanimidade dentro do PSB pernambucano, mas conta com a simpatia de grande parte dos dirigentes do partido.

O vice-governador, João Lyra, e o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra chegaram a ser cogitados pelo atual governador, mas devem ocupar outros espaços na aliança. Lyra assumirá o governo quando Campos sair para a disputa presidencial em abril e Bezerra pode disputar o Senado. A vaga foi aberta esta semana, quando o peemedebista Jarbas Vasconcelos anunciou que não tentaria a reeleição.
E as coisas não param por aí.

Além dos dois secretários cotados para a disputa, Campos mantém no governo ao menos uma dezena de parentes seus e de sua mulher. A irmã da primeira-dama, Ana Elisabeth de Andrade Lima Molina, médica de carreira da Secretaria da Saúde, foi alçada a um cargo de direção da pasta.
Antes de fazer campanha para que a mãe, a então deputada Ana Arraes, fosse nomeada ministra do Tribunal de Contas da União, em 2011, Campos já havia patrocinado a escolha de dois parentes para ocupar espaços no Tribunal de Contas do Estado. Ele indicou como conselheiros do órgão um primo seu, João Campos, e um primo da mulher, Marcos Loreto. Outro primo do governador, Thiago Arraes Alencar Norões, foi escolhido procurador-geral do Estado no início do segundo mandato de Campos.
No Congresso, há a possibilidade de o filho mais velho de Campos ser candidato a deputado federal. João, de apenas 19 anos, teria a missão de representar a família no Congresso, já que Ana Arraes trocou o mandato na Câmara pela vaga no TCU.

Até para a deputada estadual tucana Terezinha Nunes, a escolha familiar que Campos pretende fazer para a sua sucessão põe em xeque o discurso da nova política adotado pelo governador, no que é apoiada pelo petista Sérgio Leite (PT), que assumiu esta semana a liderança da oposição na Assembleia.
Como Campos, e sobretudo Marina, conseguirão manter seus discursos de nova política mantendo tantas e tamanhas contradições deveremos conferir em breve, assim que comecem as campanhas eleitorais.

Artigo do Blog do Everaldo Paixão/Leia na íntegra

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