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Porto Digital impulsionou o resultado, pois permite a conexão de toda a Cidade, a partir do Bairro do Recife |
primeiras smart cities do Brasil, Recife ainda tem muito que melhorar. É o que
acredita o coordenador de inovação e conteúdo da Urban Systems – consultoria
que elaborou o mapeamento das cidades mais inteligentes e conectadas do País,
Willian Rigon. A capital pernambucana é a única cidade nordestina a estar no
“top 10” e conquistou o nono lugar nessa lista – a qual prioriza tecnologia
como critério de avaliação, assim como meio ambiente e sustentabilidade.
Recife subiu uma colocação. Para o consultor de tendências do Porto Digital,
Jacques Barcia, o parque tecnológico foi um ponto de destaque, e que
impulsionou o Recife, tendo em vista que há impacto na Cidade inteira, a partir
do Bairro do Recife. Sua localização se torna um laboratório para soluções
urbanas. “Como é o caso das bicicletas e carros compartilhados e os sistemas de
monitoramento de tráfego”, exemplifica. “No mais, o nosso foco é melhorar a
realidade da Cidade”, conclui.
a melhoria na colocação se deve mais pela troca de indicadores da pesquisa –
que significa mudança nos critérios avaliativos, do que propriamente em uma
melhora tecnológica no Recife. Isso porque, a Urban Systems avalia que mesmo o
Porto Digital sendo um centro importante nas áreas de Tecnologia da Informação
(TI), empreendedorismo e, ainda, com reflexos na educação; os retornos
financeiros da empreitada não foram suficientes para que – através de uma boa
governança – houvesse investimentos refletindo sobre outros setores.
pontos em que a Cidade ainda precisa melhorar. Dentre eles estão mais
investimentos em transportes alternativos, como metrôs, trens, ciclovias e mais
conectividade com o aeroporto (mobilidade); pavimentação de vias (urbanismo);
aumento do abastecimento de água e esgoto (meio ambiente); redução dos índices
de homicídio e acidentes de trânsito (segurança); e atração de empresas para o
município, a fim de gerar mais empregos e investir nos setores turísticos,
serviços, tecnologia e novos clusters.
ele, o resultado da pesquisa em que o Recife aparece em nono lugar é bom, mas o
conceito smart city é engessado e, na prática, “funciona apenas como um título
de marketing e não algo que, necessariamente, interfira positivamente na vida
das pessoas”. “Podíamos estar melhor, claro. Entretanto, o conceito passa muito
por infraestrutura, câmera, central de comando e controle. Não tem como
competir com Rio de Janeiro e São Paulo nesse quesito”, afirma.
smart cities está no Sudeste, onde estão os dois primeiros lugares: São Paulo e
Rio de Janeiro. No entanto, o destaque foi para Curitiba, que subiu oito
posições de 2015 para 2016. O motivo justificado pelo coordenador Rigon é que
as cidades do Sudeste apresentam um desenvolvimento econômico mais forte do que
de outras regiões. “Note que para a cidade ser inteligente (no conceito do
estudo) é preciso que ela possua bons indicadores de saúde, educação, meio
ambiente, saneamento, mobilidade, etc. Sem desenvolvimento econômico, não há
como as prefeituras investirem em melhorias e tampouco a população se instruir
e buscar melhores condições de vida”, comenta.
de Ipojuca – que ocupou o primeiro lugar em segurança (município de até 100 mil
habitantes) e o trigésimo em governança, mas não é considerada uma smart city.
A explicação da consultoria é que para uma cidade receber esse título, ela
precisa possuir harmonia entre os onze eixos analisados e cidades com apenas um
destaque representam falta de desenvolvimento.
e Gestão da cidade, Danielle Lima, conta que se sente lisonjeada por receber
esse título e não se decepciona por Ipojuca não ser considerada inteligente.
“Nós sabemos que as cidades que concorreram são mais antigas e bem mais
desenvolvidas em tecnologia. Ficamos imensamente felizes por ter tido ótima
colocação, ante cidades como Rio de Janeiro e São Paulo”, relata. Ela ainda
conta que o destaque em segurança se deve a, em três anos de gestão, não haver
registros de afogamentos em todo seu litoral por falta de atendimento.
sua área é 70% de usina e originalmente veio da cana-de-açúcar. Ou seja, esse
prêmio inédito coloca a cidade não como inteligente, mas – nessas circunstâncias
– em posição de destaque. Para a secretária Danielle, o resultado é
demonstração que a gestão está no caminho certo. “Temos muito que se orgulhar”,
comemora.