Revista “Araripina da Gente” confeccionada pelo governo municipal é um sonho para qualquer um que pensa em habitar no próprio paraíso. É como se vivêssemos reclamando de um lugar onde tudo transparece a boa gestão, onde existe saúde farta, educação nos trilhos, cidade toda estruturada, sem buraco, fácil de transitar a pé, de automóvel, o social, o esporte, a cultura, tudo funcionando bem. Estamos em uma cidade do semiárido nordestino com um cenário europeu. Pelo menos é o que mostra a espetacular impressão, óbvia, paga com o dinheiro do contribuinte para fazer propaganda não da cidade, mas daqueles que a governam e acham que estão fazendo o melhor por ela.
A tiragem foi de 5 mil exemplares distribuídas por todos os lugares da cidade para mostrar os feitos da gestão atual. Faltou fechar as contracapas com a Bandeira do Município e o Hino de Araripina, para provar que realmente essa gente exalta o nome da eterna Princesinha do Araripe. Que nada! Além do logotipo da gestão “A gente faz, a gente mostra” que substituiu “Unidos por um Novo Tempo” que enferrujou suas engrenagens, a cor laranja continua dando o tom do governo e desafiando a lei.
“A prefeitura vem trabalhando incansavelmente para melhorar a vida das pessoas” descrito o texto na terceira página da revista, é como se fosse um prefácio para anunciar a grande obra que foi uma gestão que ao término agora em 31 de dezembro de 2016, completará 4 anos e meio na prefeitura. A carta inicial que é subscrita pelo prefeito Alexandre Arraes (PSB), mostra uma Araripina que nós não queremos enxergar. Fala que fez o maior programa de mobilidade urbana, que apoia o esporte amador no Município. Que cuida da cidade para trazer mais qualidade de vida para todos, oferecendo mais saúde, educação de qualidade, infraestrutura adequada…
Pois bem, com relação à mobilidade urbana e para você que anda nas ruas de Araripina e consegue enxergar nitidamente os erros, eu preciso pedir licença para dizer que essa é a maior inverdade propagada pelo governo municipal. E vamos mais além. Quando um gestor investe em esporte amador, como está descrito na missiva oficial, os atletas sempre tem um pensamento voltado para o profissionalismo. E quando eu falo em profissionalismo, me lembro do “Bode do Araripe” ou do “Araripina Futebol Clube”, que o prefeito tratou de enterrar e que certamente o próximo prefeito tentará exumar para ver se ainda dar para recuperá-lo. Quer dizer, ele pode até “investir” em esporte amador, mas não quer que você saia desse estágio. Correto?
Bem, quanto a saúde e educação de qualidade que no papel couchê foi impresso e que, são as prioridades sociais em qualquer gestão que se preze, mais uma vez somos obrigados a discordar de tamanho disparate e factoide. As filas nas unidades de saúde do município continuam a espera de assistência médica e, as reclamações são pelas falta dos materiais mais básicos. As escolas continuam faltando merenda escolar e ontem dia (20) aconteceu uma passeata da insatisfação promovida pelo sindicato dos servidores, e que, passou pelas ruas em protesto pelo descaso com a educação no município, cobrando o pagamento dos professores que sempre tem mensalmente atrasado, além dos salários dos aposentados, dos pensionistas.
A obra da escola nucleada Felipe Coelho na Serra do Marinheiro, concluída com recursos do governo federal, aparece na revista e, o desafio seria mostrar que existem mais 17 obras abandonadas pelo governo municipal, inclusive a Creche Tia Corina lá na Vila Serrania, faltando apenas 5 ou 10% para ser entregue aquela comunidade.
A revista é uma verdadeira ficção não sendo injusto que a pavimentação asfáltica, por sinal sem planejamento e em boa parte já deteriorada, prova que malfeita ou não, o gestor enganou com algumas obras para poder contar alguma lorota na campanha deste ano. O que mais tem constrangido às pessoas de bem que acreditam numa Araripina melhor, e essas pessoas podemos hoje contar nos dedos, são profissionais capacitados que aparecem em fotos ao lado do prefeito e da primeira dama, para glamourizar tanta mentira e tanto descaso. Uns porque sempre viveram à sombra da prefeitura, outros porque estão se acostumando com a mesma sombra.
Fonte: O Grande Jornal