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Revista VEJA usa suspeitos para mudar maioridade penal

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247 – A última edição da revista Veja, uma peça de
propaganda pela redução da maioridade penal, distorce fatos e ignora múltiplas
versões (base de um jornalismo minimamente isento) para atingir objetivos
ideológicos o rumoroso caso de quatro adolescentes acusados de promover um
estupro coletivo no interior do Piauí. A publicação da Editora Abril, no
intuito de promover a comoção social pela mudança na legislação penal, utiliza
o drama dos garotos pobres de uma das regiões mais carentes do Brasil sem
observar que sequer o exame de DNA, prova conclusiva em casos semelhantes,
tenha sido realizado.
Tudo que envolve o caso dos jovens nordestinos é muito
suspeito e Veja não se digna a apresentar a versão dos envolvidos, entre eles
um maior de idade. Apenas um dos meninos confessou a participação no estupro de
quatro garotas em Castelo do Piauí – uma delas morreu. As família de três
sustentam que eles trabalhavam e que foram espancados pela polícia (um crime
tão hediondo quanto o estupro) para confessar. Um pai diz ter como provar que o
filho estava trabalhando no momento da agressão.
As famílias de pelo menos três dos quatro adolescentes
apreendidos sob suspeita de estupro coletivo afirmam que eles são inocentes.
Duas dizem que a confissão inicial se deu mediante espancamento. A polícia
nega. O desempregado Adão José de Souza, 40, é apontado pela polícia como
mandante. Ele era procurado acusado de assaltar a gerente de um posto de
gasolina e de atirar contra ela. Em depoimento, assumiu a autoria do assalto,
mas negou a do estupro.
A mãe de B.F.O., 15, que aparece na capa da revista,
disse à Folha que acredita na inocência do filho. “Ele pode já ter feito
muita coisa errada, mas isso [estupro], não. Ele nega.”
O pai de J.S.R. 16, afirmou, também à Folha, que
testemunhas viram seu filho trabalhando. “É por acreditar na inocência
dele que estou indo atrás. Quero que ouçam as testemunhas. Se no final as
provas mostrarem que ele é culpado, tudo bem, ele vai pagar por isso”, diz
ele, que afirma ter havido espancamento do filho.
O terceiro jovem condenado à execração na capa de Veja
é G.V.S., 17. A mãe diz que o filho começou a se envolver com drogas aos 13
anos, mas que alega inocência nesse caso e diz ter confessado porque foi
espancado. O pai de I.V.I., 15, diz que não falou com seu filho após a
apreensão e, por isso, não sabe qual é a versão dele. O caso está sob segredo
de Justiça.

A versão dos jovens pobres é irrelevante para a
revista. Na sua campanha de manipulação da opinião pública, vale até mesmo
promover o linchamento de adolescentes que vivem numa das regiões mais
empobrecidas e carentes do Brasil. Eles são apenas suspeitos, mas já foram
condenados à execração pública pela revista dos Civita. Na capa, a sentença:
“Eles estupraram, torturaram, desfiguraram e mataram”.
 Mesmo que
culpados, são jovens que vivem em uma dura realidade, que mereciam um
tratamento ao menos humano da publicação. Mas Veja não exitaria um segundo
sequer em sacrificar futuros e reputações para atingir seus objetivos.
Brasil 247
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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