Uma mãe de Nova Mutum (264 km ao Norte) recorreu a uma medida drástica para conter o filho de 17 anos durante suas crises psiquiátricas. Ela dopa e amarra o adolescente para impedir que ele cometa suicídio, relatou ela em entrevista ao UOL.
Depois de procurar de várias formas uma internação para o filho, ela afirma que ficou sem opções.
O caso foi contado pela professora Carla Lemos Coelho Silva ao site UOL, em matéria publicada neste domingo (06/10). O adolescente já tentou tirar a própria vida 3 vezes, por causa do transtorno afetivo bipolar. E mesmo gastando R$ 600 por mês com remédios, o jovem tem piorado.
Em uma das crises, a mãe precisou de 3 homens para conter o filho e o sedar. Carla procurou ajuda em clínicas psiquiátricas públicas em Mato Grosso, mas nenhuma quis receber o rapaz porque ele ainda é menor de idade.
A professora afirma que sente muito ter que chegar a esse ponto com o filho, mas não sabe mais o que fazer. “É perigoso, mas não tenho alternativa. O ideal é que ele ficasse em um hospital preparado, mas não consigo vaga”.
Mesmo com o risco de ser processada por mais tratos ao filho, Carla alega que também gostaria de fazer de outro jeito. “A Promotoria me disse que fazer a contenção do meu filho poderia dar problema. Então que dê problema e tenha a repercussão necessária para conseguir ajuda para o meu filho”.
A família do adolescente recorreu ao Ministério Público do Estado (MPE), que conseguiu uma liminar para internação emergencial do menino. No entanto, o Hospital Adauto Botelho, em Cuiabá, se recusou a internar o filho de Carla porque não existe uma ala infanto-juvenil na unidade.
Procurada pelo UOL, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que não houve recusa na internação, porém, a mãe precisaria ficar o tempo inteiro com o adolescente, o que, segundo a Secretaria, foi recusado pela família.
Com a ajuda da Defensoria Pública, Carla conseguiu uma liminar que obriga o Estado a pagar a internação do adolescente em uma clínica particular, mesmo que não seja em Mato Grosso.
Fora do estado, o adolescente começou o tratamento em 1º de outubro, com tratamento de convulsoterapia, o antigo eletrochoque, que voltou a ser permitido no país. De acordo com a professora, com o tratamento o filho já apresenta melhoras.
Uol Notícias