A repetição dos clássicos entre Flamengo e Fluminense em 2020 chama a atenção. Finalistas da Taça Rio e do Campeonato Carioca, os rivais se enfrentarão pela sexta vez no ano nesta quarta-feira, às 21h30, no Maracanã, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro, vivendo momentos atípicos. Além da busca pelos três pontos, tricolores e rubro-negros duelam para ver quem se adaptou melhor às mudanças sofridas após perdas significativas nos elencos.
O Flamengo (5º colocado com 14 pontos) leva a melhor nos confrontos diretos em 2020: nos seis jogos anteriores, foram três vitórias contra um empate e uma derrota — esta, com uma equipe recheada de atletas da base. Porém, perdeu o título da Taça Rio nos pênaltis e viu o Fluminense (8º colocado com 11 pontos) fazer dois jogos truncados nas finais do Estadual. A pergunta do lado tricolor é: Odair Hellmann entendeu a melhor forma de se portar neste clássico?
Foi por saber que enfrentaria o Flamengo naquela decisão que o treinador mudou o esquema tático, antes com três atacantes, para ter uma trinca de volantes. Na época, Hudson, Yago Felipe e Dodi exerciam a função, que buscava trazer equilíbrio para o setor. Deu certo a princípio, mas trouxe queda de rendimento no ataque, corrigida com o passar dos jogos. O Fluminense atual é uma evolução daquela equipe vice-campeã carioca.
De lá para cá, Yuri e Michel Araújo ganharam a titularidade e mudaram a forma de o Fluminense jogar. Mais equilibrado e agora também mais ofensivo, chegou a ocupar momentaneamente a segunda colocação na tabela do Brasileiro e mostrou que há potencial a ser explorado. Mas será suficiente para enfrentar o Flamengo?
Nestes 55 dias que separam o jogo de volta da final do Carioca para a 9ª rodada do Brasileiro, o Fluminense perdeu o lateral-direito Gilberto, vendido ao Benfica, e o atacante Evanilson, negociado com o Porto. Hoje, a dúvida é o centroavante Fred, que está de quarentena por precaução após a sua esposa ter testado positivo para a Covid-19. Caso teste negativo, irá para o jogo.
— Já íamos iniciar com esse time (sem o Fred), tínhamos trabalhado e tomado as decisões. Infelizmente, perdemos o Fred, que era uma opção, um jogador importante. Mas a ideia inicial era essa — disse Odair.
Saídas dos dois lados
As mudanças não são exclusividade do lado tricolor. No Flamengo, aliás, foram bem mais drásticas. A saída de Jorge Jesus deixou cicatrizes abertas e visíveis nos jogadores e torcedores rubro-negros, que o transformaram em uma grande sombra para o substituto Domènec Torrent. Com filosofia diferente, o espanhol mudou a forma de a equipe jogar, testou improvisações e, após um começo de Brasileiro com duas derrotas, parece ter engrenado. A pergunta do lado rubro-negro é: enfim, existirá paz neste período de readaptação?
O futebol ofensivo, envolvente e sufocante de Jesus não é visto com Dome, mas o catalão está buscando seu espaço. Nos primeiros oito jogos, tem números superiores ao do seu antecessor (58% x 50% de aproveitamento). Porém, com uma sombra tão forte, qualquer desempenho abaixo do excepcional não é aceito.
Dome perdeu o lateral-direito Rafinha, que deixou o clube para acertar com o Olympiakos. Bruno Henrique, que ainda se recupera edema ósseo no joelho direito, é dúvida para hoje. Os goleiros Diego Alves e César seguem fora.
Nesta adaptação do Flamengo a Dome, outra discussão forte tem sido o rodízio entre titulares e reservas. O treinador disse confiar em todos e lembrou da maratona de jogos:
— É complicado jogar a cada três dias. Pela minha experiência nos últimos 11 anos, fizemos esse rodízio. Vão jogar todos. Nosso elenco é equilibrado.
O Flamengo ainda é favorito ao título. O tira-teima de hoje pode mostrar se o torcedor já pode se empolgar com o trabalho do técnico catalão.
Extra Esportes / Imagem: Reprodução