InícioEntretenimento‘Supermax’ termina como um dos maiores fiascos da Globo

‘Supermax’ termina como um dos maiores fiascos da Globo

Nesta terça-feira, foi exibido o capítulo final de Supermax, o maior fiasco da Rede Globo em 2016. A série que foi apresentada pela primeira vez no final de 2015, na Comic Con Experience, prometia ser uma inovação ao apostar no gênero do terror, raro por aqui. E de terror o programa não tinha nada: Supermax conduziu os telespectadores com uma trama de ação, que apesar de bem produzida, não empolgou a audiência, menor a cada semana. Mas o seu episódio final serviu para enterrar de vez a série, com cenas sofríveis e risíveis.

Foram muitos os erros de Supermax. Entre eles, a escalação de Mariana Ximenes e Cléo Pires, que, além de não entregarem uma boa atuação, contrastavam com os rostos desconhecidos chamados para o programa. Se a ideia da Globo era tentar dar um ar de reality ao apostar em nomes pouco famosos, as exceções acabam enfraquecendo a proposta do projeto.

Outra dificuldade que o programa enfrentou foi a concorrência com o reality de verdade MasterChef Profissionais, exibido pela Band — que terminou nesta terça-feira com a vitória de Dayse. A atração culinária foi mais uma vez bem recebida pelos espectadores, graças aos seus candidatos polêmicos, e as richas entre os participantes, os jurados e a apresentadora.

A mistureba que se tornou a série também atrapalhou muito. Vendida como um programa de terror, Supermax era uma salada de frutas de gêneros e referências, como a entrada muito similar a True Blood, um universo misterioso que lembrava Lost e inimigos que pareciam figurantes de Mad Max. A série ainda salpicava referências bíblicas por toda parte e era inoculada por um perigo invisível — um vírus transmitido por uma mosca que só habita o Acre — à la filmes de zumbi. Estava tudo junto e misturado, mas nada produtivo saiu desse caos.

O primeiro episódio já era uma bomba, marcado por um marasmo total, como um reality show de fato se inicia, sem emoção nenhuma. Mas, no decorrer da trama, a ação se sobressaía e tornava o programa interessante, até chegar ao último episódio. O roteiro do final foi tão estranho e sem lógica que só cabia ao espectador rir de nervoso.

O penúltimo episódio acabou com um bom gancho, com todos os participantes presos em uma cela, enquanto o vilão Baal (Márcio Fecher) os aguardava cheio de armas do lado de fora. Eis que o derradeiro capítulo começa, e toda a tensão se dissipa em uma conversa sonsa entre o inimigo – com sua voz alterada sem razão por computadores – e os mocinhos. O lenga-lenga continua e a ação prometida nas semanas anteriores parece cada vez mais difícil de se concretizar.

Tudo desandou no segundo bloco, que parecia completamente desconectado do anterior. A impressão que ficava era de que a emissora colocou o programa em ordem errada no ar – ou era o desejo da Globo de encurtar ao máximo e se livrar daquele peso da programação– , já que uma grande lacuna, com o que teria sido o maior momento de ação do episódio, foi subtraída do roteiro. Com diálogos toscos, os personagens foram morrendo um a um, em um desfecho que se tornava cada vez mais previsível. Mas a grande bola fora foi o desfecho de Janette (Maria Clara Spinelli), praticamente chamada de aberração e assassinada pelo vilão apenas por ser transgênero.

O final se tornou mais cômico ao trazer o corpo de Pedro Bial assassinado com um tiro na cabeça, e a revelação de uma grande conspiração do governo brasileiro e mundial para deixar os participantes morrerem no presídio, para que o vírus continuasse desconhecido e restrito à região. No fim, o programa deixa em aberto o destino dos únicos dois confinados sobreviventes. Mas os espectadores não estão nem aí para uma segunda temporada.

Supermax era uma das grandes apostas da Globo, que inclusive produziu uma versão para ser vendida para o mercado internacional. Os diretores e roteiristas do programa prometiam uma história diferente para fora, e é bom que seja mesmo, pois, com o roteiro e desfecho apresentado, a série acaba caindo mais no trash do que no terror. O fiasco do programa é uma pena por certo lado, pois deve afugentar a Globo e outras emissoras de arriscar com gêneros diferentes e ideias mais inovadoras e continuar investindo nas fórmulas repetidas à exaustão, que o público reconhece.

Damião Sousa
Damião Sousa
Diretor de Jornalismo e Marketing
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