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Theotônio Pinto: O descobridor do Gesso no Sertão do Araripe


Não é possível contar a história da Região do
Araripe sem que se reporte a Theotônio Alves Pinto (in memoriam), um dos
pioneiros na exploração de gipsita na região. A trajetória de vida dele
confunde-se com a própria história do gesso. O espírito empreendedor já pulsava
nele quando ainda era jovem, antes mesmo de se fixar pelas terras sertanejas.


O pai dele, Pedro Pinto Junior, era médico. Junto com os irmãos Nelson e Romeu,
Theotônio enveredou pelo setor do comércio. Por volta dos anos 40, cada um com
um caminhão partiam do Recife transportando os mais diversos tipos de
mercadorias. Os irmãos saíam de cidade em cidade chegando até o Ceará, de onde
trazia a rapadura que vendiam no sertão pernambucano.

Araripina, à época denominada de São Gonçalo, era um dos principais pontos de
parada da viagem. Ali compravam a pele de boi, o mel e a cera de abelha que
transportavam para Petrolina. De lá voltavam à capital, cumprindo um roteiro
que durava, em média, 30 a 45 dias no total.

Numa das viagens, Theotônio Pinto comprou uma área de terra no alto da Serra do
Araripe, mudando-se para Araripina em 1950, indo trabalhar no cultivo da
mandioca e na produção de farinha. Mais tarde, investiu em outra área, a
Fazenda Lagoa de Dentro, também no sertão, onde passou a praticar a agricultura
de sequeiro e a investir no comércio.

Mudança total 

As memórias estavam bem nítidas na memória do ancião de 96 anos. “Eu vi que as
formiguinhas, quando saíam do massapé, carregavam nas costas um pó branco. Nós
não sabíamos, mas era o gesso”, recordava Pinto. Essa visão dessa cena
despertou o interesse dele em investir o solo. Ao cavar uma cacimba encontrou
uma enorme pedra. Ao enviar amostras para o Recife, descobriu se tratar de
gipsita. A partir daquela descoberta, a Região do Araripe nunca mais seria a
mesma.

“Naquela época, o gesso era quebrado de marreta, pelas mãos dos homens,
calcinados em fornos de casa de farinha à lenha e carregado no lombo de mulas”,
contava Theotônio Pinto. A gipsita era lavrada na mina da Fazenda Lagoa de
Dentro. De lá saía o minério bruto que era enviado predominantemente para as
indústrias de produção de cimento.

Nas décadas seguintes, Theotônio Alves Pinto dedicou a vida quase que
completamente ao gesso. Plenamente lúcido, desfrutava da velhice e
aposentadoria na casa onde morava, no centro de Araripina, constantemente
visitado por filhos e amigos.

Informações do Diário de Pernambuco

Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
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