A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (17) a Operação Carne Fraca, com foco na venda ilegal de carnes por frigoríficos, e deverá cumprir 38 mandados de prisão. Os grandes conglomerados de empresas do setor agropecuário brasileiro – JBS e BRF – adotaram procedimentos de barateamento dos produtos visando apenas no aumento dos lucros, mesmo que para isso a qualidade do produto repassado aos consumidores fosse baixa.
A Polícia Federal, em coletiva na manhã desta sexta-feira, afirmou que a prioridade das empresas envolvidas na Operação Carne Franca era o “capitalismo, o mercado, e não a saúde pública”, informou o Delegado responsável pelo caso, Maurício Grillo. Segundo o Jornal O Globo, entre os empresários presos estão o gerente de Relações Institucionais do Grupo BRF e um funcionário do grupo JBS. O jornal também afirma que a Operação prevê o bloqueio de R$ 1 milhão das contas de 46 investigados.
Após a deflagração da Operação, as ações das empresas tiveram forte queda na bolsa de valores nesta sexta. Segundo a Veja, entre as muitas marcas comercializadas pela empresa JBS, estão a Friboi e a Seara. Já a BRF tem entre seus principais nomes, a Sadia e a Perdigão.
Ao menos um dos frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca comprava carne podre e disfarçava o sabor com ácido ascórbico, mais conhecido como vitamina C. Uma auxiliar de inspeção de uma das empresas atestou diversas irregularidades e afirmou que a substância química era cancerígena. A informação consta na decisão da Justiça Federal do Paraná.
De acordo com a professora de nutrição da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Anita Sachs, o ácido ascóbico, se consumido em excesso a longo prazo, pode provocar sobrecarga renal e, consequentemente, levar ao câncer.
— A quantidade máxima recomendada por dia é entre 45 e 50 mg. Isso é o que está presente em uma laranja, uma mexirica, uma fatia de mamão ou uma de manga, por exemplo Em contraposição, a chefe de equipe de Nefrologia e Transplantes da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Irene de Lourdes Noronha, explica que as únicas evidências disponíveis na medicina são de que doses altas de ácido ascórbico diariamente — 1 ou 2 g — favorecem a formação de cálculos nos rins e canais urinários em quem já tem tendência para desenvolver esse tipo de problema.
— Como a calculose renal tem grande prevalência na população, o impacto do alto consumo de carnes com ácido ascórbico seria, sim, negativo.
Antônio Junqueira, nefrologista do Hospital São Luís, também reforça que a relação entre ácido ascórbico e formação de pedras nos rins é indireta.
— O que acontece é que o excesso de ácido ascórbico é absorvido pelos ossos e devolvido para o organismo em forma de cálcio. Esse cálcio vai para a corrente sanguínea e chega até os rins, onde contribui para a formação dos cálculos. Mas esse é um mecanismo indireto que depende muito da predisposição genética da pessoa.
(Fonte: R7 e O povo Online)