Recife, 1º de maio de 1994. Um bebê nascido aos oito meses, no dia 18 de abril, após uma gravidez de risco da mãe, ainda estava internado. Estava prestes a deixar o hospital, mas não tinha um nome. Após a comoção no país causada pela morte de Ayrton Senna no acidente no GP de San Marino, os pais decidiram dar ao filho o nome do piloto.

Nesta quarta-feira, 25 anos depois, Ayrton Senna Amaro de Souza é fã do tricampeão mundial de Fórmula 1. Do esportista e do ser humano. E sua história de vida mostra que a idolatria brasileira ao ídolo resiste ao tempo. Por causa do ídolo, o técnico mecânico Ayrton Senna Amaro de Souza ganhou o apelido de “Senninha” e a empatia até de gente desconhecida. “As pessoas param para conversar comigo”, diz. “Antes eu não gostava tanto. Eu não entendia. Eu achava que deveria ter a minha própria história. Mas depois eu entendi que tinha que ser assim. Eu gosto do meu nome, a visão é outra”, garante. Ayrton Senna Amaro demorou para entender o que o piloto representava para o país. “Quando eu era pequeno, ouvia as pessoas falarem, mas não tinha muita noção do que tinha aconteceu. A ficha caiu quando eu tinha dez anos, quando completou dez anos da morte dele. Aí eu fui pesquisar mesmo. Aí assisti algumas corridas. E fiquei impressionado com a pessoa que ele era. As pessoas diziam que paravam aos domingos para ver as corridas. Isso me impressiona, porque hoje em dia a gente não vê mais isso.”
A homenagem
Foi do seu pai, o técnico mecânico Aílton Amaro de Souza, 50 anos, a ideia de colocar o nome do ídolo no filho. Aílton, assim como tantos brasileiros, assistia a todas as corridas de Fórmula 1 para ver Ayrton Senna, não importava o horário. Assistia. “Depois da morte dele, eu parei. Olho na televisão, mas…dá aquela tristeza. Só faz lembrar”, lamenta. Aílton lembra que o nome do seu filho já o livrou até de uma multa de trânsito. Ele conta que, há cerca de três anos, precisou levar o filho mais novo (são três ao total e Ayrton é o segundo) a um hospital e, apressado, estacionou o carro na calçada. O veículo estava no nome de Ayrton Senna. “Quando voltei, estava lá o carro da polícia. Aí eu pedi que não me multassem. E o guarda disse: ‘Você é doido? E eu vou multar Ayrton Senna?'”, lembra, rindo.

Nascimento: 21 de março de 1960, em São PauloAltura: 1,75mMorte: 1º de maio de 1994, em Bolonha, na Itália
A promessa
Os primeiros passos no automobilismo
Campeão brasileiro de kart em 1978, 1979 e 1980Campeão sul-americano de kart em 1977 e 1980Campeão de Fórmula Ford 1600 em 1981Campeão de Fórmula Ford 2000 em 1982Campeão de Fórmula 3 em 1983
O gênio
Os números na Fórmula 1
3 títulos mundiais (1988, 1990 e 1991)41 vitórias80 pódios65 pole positions161 provas disputadas10 temporadas completas (sem contar com a de 1994, quando morreu)

“Felizmente houve seis meses quase de amizade a partir do momento em que larguei a F1 até o acidente. Isso mudou por completo a relação. E depois da morte de Ayrton, eu diria que os fãs de Senna – claro que não todos, porque sempre há os irredutíveis, mas a grande maioria – se uniram por uma história em comum”Alain Prost, tetracampeão mundial de F1