A DESPEDIDA

Por Vavá Dias

Prefeito, sei agora mais do que nunca que sua gestão chegou ao fim. Demorou…Demorou demais, principalmente para mim pois, sempre pensei que o gestor fosse a ponte entre o empreendedor e o desenvolvimento do Município, mas vi ou melhor, senti na própria pele, que estava totalmente errado. Não sei se por vingança ou por falta de planejamento fui o cidadão mais prejudicado da sua gestão.

Prefeito, sobrou-me um prédio, trinta e seis camas, quatorze televisores, três mesas, vinte cadeiras, um computador, dez talões de nota fiscal, uma geladeira, um freezer, um fogão, doze suítes fechadas, quatro funcionários demitidos, mais quatro empregos indiretos jogado ao vento. Tudo isso para colocar uma feira livre e permanente na minha porta com direito a duas porteiras fechando cada entrada da rua. Junto com a feira e as porteiras veio um recado: “Isso é só por apenas quarenta dias”. Passou toda a sua gestão, você está indo embora e a falta de respeito (feira) continua. Nunca apareceu ninguém para dar explicação.

Prefeito, meus filhos continuam estudando. Lá em casa nós sempre fizemos três refeições por dia, não há nenhuma denúncia contra mim, jamais desviei qualquer coisa, muito menos conduta. Jamais reclamei com juiz, promotor, prefeito ou com a oposição, essa, aliás, é inerte, frouxa, medrosa. Quando vai á rádio é pedir direito de resposta.

Prefeito, não conheceu seu secretariado, mesmo porque as mudanças eram constantes e os nomes não eram muito conhecidos. Porém, as diretoras de escolas que nos compravam, poucas, muito poucas, aquelas que pensam no futuro da entidade diziam que a ordem n Secretaria de Educação era severa: “Não comprem na Beija-flor Aviamentos…! O preço não importava, importava sim, o tamanho da vingança.

Prefeito, meus filhos continuam estudando, continuam comendo três vezes ao dia lá em casa, a minha conduta continua intacta. Não houve desvio.

Prefeito, a minha grande tristeza é ver pessoas que nunca passaram num concurso público pendurados em cargos, só e tão somente só, por amizade, cumplicidade ou mesmo para se sentirem importantes ocupando cargos. Essas pessoas parecem eternas, nunca saem da folha de pagamento. Mesmo depois de presas.

Prefeito, eu sempre digo, Araripina é a cidade do futuro. Tem vida própria. É a Capital do Gesso, Terra da Farinha, mesmo com pouca chuva, Araripina sempre foi a primeira a ter feijão e milho para mandar para outras regiões. Me responda: “Por que Araripina não tem U.T.I, uma quadra poliesportiva de respeito, um teatro, UPA (funcionando), um Hospital Municipal etc…? Olhe cidades do Piauí, digo: “Microcidades” têm hospital Municipal e UPA.

Prefeito, esta chegando os festejos de fim de ano e eu não poderia deixar de desejar-lhe um feliz ano novo, que Deus lhe dê em dobro tudo que você nos proporcionou.

Vavá Dias é empresário (Proprietário da Beija-flor Aviamentos), compositor, escritor e poeta.

Foto: Rafael Diniz

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