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Após ajudar eleger Bolsonaro, MBL faz mea culpa: “Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno”

Preterido por movimentos de extrema-direita – que resultaram na perda de mais de 400 mil seguidores nas redes sociais – depois de servir de massa de manobra para a eleição de Jair Bolsonaro, o Movimento Brasil Livre (MBL) faz mea culpa e admite que errou ao “espetacularizar” a política.

“A gente polarizou, e era fácil e gostoso polarizar. Quando começaram a proliferar as camisetas do Bolsonaro e as pessoas diziam “mito, mito”, a ideia de infalibilidade dele, muito foi porque ajudamos a destampar uma caixa de Pandora de um discurso polarizado”, afirma Renan Santos, coordenador do movimento em entrevista a Carolina Linhares e Fábio Zanini, na edição deste domingo (28) da Folha de S.Paulo.

Santos admite “exageros” na retórica agressiva do MBL, que levou “estímulos de polarização” que estão sendo usados hoje contra eles.

“Foi um erro endossar candidaturas majoritárias. Erramos em apoiar [João] Doria. Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno. Mas também não havia o que fazer. Se o PT chegasse ao poder, a gente teria guerra civil. A classe média e o centro-sul não iriam aceitar o resultado”, afirma.

Entenda:

Um dos principais organizadores dos protestos de rua pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, o Movimento Brasil Livre (MBL) passou a ser alvo de ataques de grupos bolsonaristas nas redes sociais após a recusa de participar dos atos pró-governo Jair Bolsonaro.

Depois de apoiar Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018, o MBL – que tenta criar um partido – se distanciou do governo e adotou uma agenda própria, com a reforma da Previdência à frente.

A ofensiva contra o MBL partiu de grupos como Direita São Paulo, Juntos pela Pátria e Movimento Brasil Conservador, além de youtubers alinhados com o Palácio do Planalto. “Todos os movimentos genuinamente de direita estão deveras desapontados com o MBL”, disse a representante do Juntos Pela Pátria, Elizabeth Rezende.

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) disse que o grupo está sendo alvo de “fake news” e de “mau-caratismo”. Segundo ele, há postagens ligando o MBL ao atentado a faca sofrido por Bolsonaro em setembro do ano passado. Kataguiri afirmou que vai processar os autores dessas postagens.

Para ele, pautas como o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, são “antiliberais, anticonservadoras e antirrepublicanas”. “A gente não vai defender de maneira nenhuma. O problema não está na instituição, está em ações de pessoas que utilizam o poder da instituição para fins pessoais.”

O parlamentar chamou ainda os grupos  de “adesistas”. “O presidente, quando erra, tem que ser criticado. Isso precisa ser pontuado. Não essa idolatria cega, não criar uma seita. Se não, vai ser um PT, uma CUT azul.”

‘Bola da vez’

“Fazem ataques a qualquer um que critique o governo. O MBL é a bola da vez”, disse um dos coordenadores do MBL, Renato Batista. O MBL optou também por não ir a protestos contra cortes na Educação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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