InícioAraripina em FocoConta de luz pode subir ainda mais

Conta de luz pode subir ainda mais

Brasília – Apesar da
melhoria dos níveis dos reservatórios, ainda não há previsão de redução nas
contas de energia. Quem acha que já está pagando demais pela conta de luz pode
se preparar: há mais aumentos por vir. Completamente desestruturado desde 2013,
quando a presidente Dilma Rousseff interveio com a Medida Provisória 579, hoje
convertida em lei, o setor elétrico amarga prejuízo bilionário, estimado em R$
70 bilhões por especialistas, e passa por um processo de judicialização sem
precedentes. Os problemas se multiplicam, sem que o governo federal encontre
soluções para os impasses. E o ônus dessa incapacidade será, novamente,
transferido para os consumidores, na forma de mais reajustes nas tarifas.
Entre os imbróglios do
setor, está a dívida acumulada da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE),
que saltou de R$ 1,6 bilhão para R$ 22,9 bilhões. Além dos restos a pagar de
2014, desde que o governo decidiu não mais fazer aportes do Tesouro Nacional na
CDE, o montante engrossou porque liminares estão isentando alguns agentes do
pagamento de parte das parcelas dessa conta. A Associação Brasileira de Grandes
Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) foi a
primeira a conseguir na Justiça o direito provisório de evitar os efeitos de
uma alteração na regra, segundo a qual os grandes consumidores pagariam uma
parcela maior do que residências e comércios.
A indústria não quer arcar
com os subsídios da CDE, que antes eram bancados pelo Tesouro Nacional e este
ano passaram a ser divididos entre todos os consumidores. Com a medida, o
rateio passa a pesar mais no bolso do consumidor brasileiro na conta de luz.
Para piorar, além da associação, liminares individuais estão sendo concedidas
pela Justiça. “Há muita incerteza com as mudanças e isso causou a
judicialização do setor. No caso da CDE, como é um rateio, quem não tem liminar
acaba pagando mais. Em 20 anos trabalhando na área, nunca vi uma coisa dessas.
Um erro virou uma bola de neve que ninguém sabe onde vai parar”, diz Paula
Campos, gerente de consultoria e gestão do Grupo Safira Energia. “Dois terços
da CDE são decisões políticas”, emenda.

As distribuidoras ainda
estão usando o dinheiro dos empréstimos de R$ 18 bilhões feitos para cobrir o
rombo da exposição ao mercado de curto prazo, em 2013 e 2014. E a
desvalorização cambial também provoca um rombo no setor. Vale lembrar que a
energia de Itaipu é paga em dólar.
Allyne Ribeiro
Allyne Ribeirohttps://araripinaemfoco.com
Diretora de Edição e Redação de Jornalismo
RELACIONADOS