Após a repercussão negativa dos recuos anunciados pelo presidente Jair Bolsonaro na reforma da Previdência, na última quinta-feira, integrantes do governo tentam ir atrás de saídas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou acalmar os ânimos do mercado financeiro ao garantir que não abre mão da economia de R$ 1 trilhão em 10 anos, mesmo que sejam feitas concessões nas propostas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), para a pensão por morte e para a idade mínima de aposentadoria para as mulheres. O argumento de equipe econômica é de que serão exigidas contrapartidas para as eventuais mudanças.
Já a ala política alega que Bolsonaro foi “mal-interpretado”. Essa foi a expressão usada ontem pelo vice-presidente Hamilton Mourão ao comentar o assunto. “O presidente mostrou que tem coisas que o Congresso poderá negociar ou mudar. Só isso. Não que ele concorde”, disse. O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), também tentou desfazer o mal estar, ontem, ao dizer que a intenção de Bolsonaro foi apenas mostrar que está “disposto a negociar”.
O problema, no entanto, não é admitir que haverá mudanças. Como o texto agora está nas mãos dos parlamentares, é certo que ele será alterado nas Casas legislativas. O “equívoco”, nas palavras da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, foi o presidente ter adiantado os pontos em que pretende ceder. Alguns são considerados até desnecessários, como reduzir a idade mínima das mulheres, de 62 para 60 anos, apontou a especialista.
Reprodução: Diário de Pernambuco.